Lula: brasileiro deve terá sete encontros bilaterais durante a cúpula (Ricardo Stuckert/PR/Flickr)
Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 17 de julho de 2023 às 06h00.
Última atualização em 17 de julho de 2023 às 07h40.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participa a partir desta segunda-feira, 17, da terceira reunião de Cúpula da Comunidade dos Estados Latino-America e Caribenhos (CELAC) e da União Europeia (UE), em Bruxelas, na Bélgica. A sessão de abertura da cúpula será às 16h, no horário local.
O primeiro compromisso do brasileiro nesta segunda foi uma reunião com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. Na sequência, o petista participou de um fórum empresarial com representantes dos dois continentes.
Em seu discurso, Lula defendeu um acordo “equilibrado” entre o Mercosul e a União, e disse que pretende concluir as negociações até o fim do ano.
Entre os dias que estará no país europeu, o presidente brasileiro também terá sete reuniões bilaterais. Apesar de não ser o tema principal da cúpula, o acordo entre o Mercosul e a União Europeia deve ser tratado em reuniões entre Lula, que é o presidente do bloco sul-americano, e os líderes europeus.
Segundo o Itamaraty, a cúpula "propiciará oportunidade para a retomada do diálogo de alto nível sobre temas de interesse comum e os desafios da atualidade". A expectativa é que 60 países participem do encontro de dois dias, entre 17 e 18 de julho. Representantes do setor privado e de bancos de financiamento também estarão no evento. São esperados os blocos discutam temas como:
Na sexta-feira, negociadores de países membros dos blocos se reuniram e discutiram uma declaração final da cúpula. Segundo a agência Lusa, o texto inicial tinha 13 páginas, e já foi reduzido para três. É esperado uma declaração de enceramento que firme compromissos pelo meio ambiente e desenvolvimento sustentável. A cúpula, segundo integrantes da diplomacia espanhola, será mais política do que de negociação.
Foram realizadas duas reuniões de cúpula entre as regiões. A primeira aconteceu em janeiro de 2013 no Chile. O último encontro ocorreu em junho de 2015 em Bruxelas. A previsão é que um novo encontro ocorra em 2025, na Colômbia. O Brasil havia deixado a Celac durante o governo Jair Bolsonaro, mas retornou em janeiro, assim que Lula tomou posse.
A reaproximação dos blocos acontece após a União Europeia anunciar uma “Nova Agenda para o Fortalecimento da Parceria com a América Latina e o Caribe”, com foco em uma parceria política renovada e no reforço das agendas comercial e de investimentos. Em 2021, as relações comerciais entre os dois blocos foram de 300 bilhões de euros.
Na última sexta-feira, o governo brasileiro enviou aos demais países do Mercosul - Argentina, Paraguai e Uruguai - uma contraproposta ao acordo comercial negociado pelo bloco com a União Europeia. O conteúdo havia sido finalizado após intensas discussões e divergências de visões entre ministérios, e o Itamaraty aguardava a autorização da Presidência da República para enviar a minuta aos demais países do Mercosul.
A íntegra do documento não foi divulgada, mas a proposta consiste num novo texto, para reagir às exigências ambientais apresentadas em março pela UE, além de incluir pedidos de mudança no capítulo de compras governamentais. Lula quer resguardar o acesso a licitações federais. A expectativa do Itamaraty é de que a União Europeia receba a contraproposta em algumas semanas.
O petista quer fechar o acordo até o final do ano, mas critica as exigências europeias. As negociações se arrastam desde 1999 e, apesar de um anúncio sobre um princípio de entendimento em 2019, diplomatas e negociadores dos blocos tentam negociar detalhes para que acordo seja sacramentado. Em uma das falas contra o texto europeu, Lula disse os países do Mercosul não devem ser condenados "ao eterno papel de exportadores de matérias-primas, minérios e petróleo".
Oficialmente estabelecida em fevereiro de 2010, em Cancún, a CELAC é um bloco formado por todos os 33 países da região latino-americana e caribenha e tem por objetivo projetar os interesses da região no mundo e fomentar o diálogo político e a cooperação regional em conjunto variado de temas, como saúde, inclusão social, segurança alimentar e energética, desenvolvimento sustentável, transformação digital e infraestrutura para a integração. O Brasil participou diretamente da criação da CELAC, ao convocar e sediar, em 2008, na Costa do Sauípe na Bahia, a I Cúpula de Países da América Latina e Caribe (CALC).