Lula: presidente reafirma que o Brasil não enviará tropas para a Ucrânia e defende negociação de paz (Ricardo Stuckert/PR/Agência Brasil)
Agência de notícias
Publicado em 19 de fevereiro de 2025 às 14h43.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira que o Brasil não enviará tropas para a Ucrânia, reforçando o posicionamento do país em favor da paz.
“O Brasil não enviará tropas. O Brasil só enviará missão de paz”, declarou Lula em entrevista concedida ao lado do primeiro-ministro de Portugal, Luís Montenegro.
Nos últimos dias, a imprensa internacional publicou informações sobre a possível participação de tropas brasileiras e chinesas em uma eventual força de paz na Ucrânia, caso fosse alcançada uma resolução para o fim do conflito. A revista The Economist citou fontes do governo dos Estados Unidos ao abordar essa possibilidade.
Lula defendeu que Moscou e Kiev devem participar das negociações para o fim da guerra, criticando a abordagem do ex-presidente dos EUA Donald Trump, que tem conduzido conversas diretas apenas com o presidente da Rússia, Vladimir Putin.
“O problema da Ucrânia será resolvido em uma mesa de negociação. O papel do Trump de querer negociar sem ouvir a União Europeia é ruim, muito ruim”, afirmou Lula. “A União Europeia não pode ficar fora da negociação.”
Mais cedo, Trump chamou o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, de "ditador", depois que o líder ucraniano afirmou que o republicano vivia em uma "bolha de desinformação" alimentada por narrativas russas.
Trump prometeu encerrar rapidamente o conflito, mas não revelou detalhes sobre sua estratégia. Seus assessores sugeriram que a Ucrânia poderia ter que abrir mão de parte de seu território em troca de garantias de segurança, que provavelmente não incluiriam a adesão do país à Otan. O posicionamento tem gerado preocupação entre Kiev e as potências europeias, que temem ser excluídas das negociações.
O presidente da França, Emmanuel Macron, conversou com Lula na terça-feira sobre a guerra. Ambos defenderam que qualquer negociação de paz deve reunir Ucrânia e Rússia na mesma mesa, contrariando a postura dos EUA, que têm concentrado as conversas com Moscou.
Nas redes sociais, Lula disse que expressou sua preocupação com o cenário internacional e reafirmou o compromisso do Brasil com a promoção da paz e a defesa da democracia.
“Nós dois reconhecemos a importância de uma solução para a guerra na Ucrânia que inclua a participação de todas as partes envolvidas no conflito”, escreveu.
Macron reforçou a necessidade de um esforço conjunto da comunidade internacional para promover a paz. “A paz é possível, e a comunidade internacional deve se mobilizar”, publicou o líder francês.
A posição do Brasil reforça o papel do país como mediador e defensor do multilateralismo nas negociações internacionais.