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Lula está bem, mas indignado, diz defesa após visita a ex-presidente

Apesar da prisão, os partidários do petista anunciaram que realizarão uma "vigília permanente" em frente ao presídio em Curitiba

Cristiano Zanin: o ex-presidente Lula está "bem, embora indignado" (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Cristiano Zanin: o ex-presidente Lula está "bem, embora indignado" (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

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AFP

Publicado em 9 de abril de 2018 às 08h44.

Última atualização em 9 de abril de 2018 às 09h06.

O ex-presidente Lula está "bem, embora indignado" após passar sua primeira noite preso, enquanto seus partidários anunciaram que realizarão uma "vigília permanente" em frente ao presídio em Curitiba.

O objetivo da militância é manter a pressão, apostando em uma rápida mudança de jurisprudência que permita soltá-lo.

"Ele está bem, embora indignado com a situação", disse Cristiano Zanin, o advogado de Lula, em um vídeo publicado no Facebook depois de visitá-lo na prisão.

Após realizar um grande ato declarando sua inocência e a "injustiça" à que estava sendo submetido, em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo, onde ficou entrincheirado durante dois dias ante seu mandado de prisão, Lula, de 72 anos, se entregou na tarde de sábado à polícia.

E depois de ser trasladado em avião para Curitiba, chegou em helicóptero, à noite, à sede da PF, onde começou a cumprir sua pena de 12 anos e um mês de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro.

Lula é o primeiro ex-presidente (2003-2010) do Brasil preso por um delito comum.

Sua chegada causou uma comoção na cidade, com distúrbios entre seus simpatizantes e os agentes que custodiavam a sede da Polícia Federal onde se encontra a cela de Lula.

"Curitiba será o centro da nossa ação política. Só sairemos daqui quando o Lula sair. Essa vigília é permanente", disse no sábado à noite a presidente do Partido dos Trabalhadores, Glesi Hoffmann, diante da multidão de simpatizantes pouco depois da polícia lançar bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha para dispersar seus partidários.

"[Lula] não é um preso comum, é um preso político com grande liderança nacional. É o primeiro preso político depois da reabertura democrática", disse Hoffmann na tarde de domingo em um ato com dezenas de militantes em frente à sede policial.

O estudante Christopher Ferreira, de 21 anos, passou a noite no acampamento montado ao lado do cerco policial, equipado com barracas e colchões infláveis.

"Passamos a noite aqui em resistência junto com todos os companheiros que estão prestando solidariedade ao presidente Lula", explicou Ferreira à AFP na manhã de domingo.

O ex-presidente está recluso em uma cela de 15 metros quadrados com banheiro privativo e uma televisão, onde provavelmente assistiu, nesta tarde, à final paulistana que seu querido Corinthians ganhou do Palmeiras (1-0).

"Obrigado, Timão ", dizia uma mensagem postada em sua conta de Twitter após o jogo, com uma fotografia antiga de Lula segurando uma bandeira do time.

Lula recebeu demonstrações de apoio dos governos de Cuba e Venezuela e do líder da esquerda radical francesa Jean-Luc Melenchon.

Poderia ser solto?

Na próxima quarta-feira (11), o Supremo Tribunal Federal (STF) poderia incluir em sua agenda um debate sobre o assunto-chave: a partir de que momento um condenado pode começar a cumprir sua pena de prisão.

De acordo com a jurisprudência atual, isso é possível a partir de uma decisão em segunda instância, como a feita em janeiro por um tribunal de recursos contra Lula.

Tal jurisprudência foi estabelecida pelo STF em 2016 por 6 votos contra 5.

O STF negou na semana passada o pedido de habeas corpus da defesa do ex-presidente que evitaria sua prisão. Mas a ministra Rosa Weber, que votou contra Lula, deu a entender que era favorável a uma mudança na jurisprudência atual quando o assunto fosse tratado de maneira geral, e não em um caso específico.

Isso poderia acontecer na próxima quarta-feira se o também ministro do STF Marco Aurélio Mello pedir, como anunciado, a inclusão do tema na agenda de sessões. Ainda que, em um labirinto legal que parece não ter fim, a discussão possa ser adiada, sem data para retomada, se algum dos ministros pedir vista do processo.

A "expectativa é que num futuro próximo nós possamos reverter" a medida de prisão, afirmou o advogado Zanin.

"Estou com a consciência tranquila. Pode demorar um pouco, mas vou vencer essa batalha", disse Lula a seus seguidores em vídeo gravado na sexta-feira e divulgado em sua página no Facebook no domingo.

"Bom final de semana e, se Deus quiser, quem sabe, na semana que vem estaremos juntos", acrescentou.

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