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Lula e Mujica pedem que povo se junte e recupere o poder

Lula observou que atualmente está ocorrendo um "avanço internacional da extrema direita e da direita" e citou como exemplos a eleição de Trump

Lula e Mujica: o ex-presidente do Uruguai pediu aos trabalhadores brasileiros que "não cometam os mesmos erros da burguesia paulista" (Leonardo Benassatto/Reuters)

Lula e Mujica: o ex-presidente do Uruguai pediu aos trabalhadores brasileiros que "não cometam os mesmos erros da burguesia paulista" (Leonardo Benassatto/Reuters)

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EFE

Publicado em 6 de maio de 2017 às 09h10.

São Paulo - Os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil, e José Mujica, do Uruguai, pediram na sexta-feira aos povos latino-americanos que lutem juntos contra o que consideram o avanço da direita "para recuperar o poder e voltar a formar governos progressistas na região".

Eles participaram da abertura de um congresso regional do Partido dos Trabalhadores (PT), que será realizado em São Paulo até domingo.

Lula observou que atualmente está ocorrendo um "avanço internacional da extrema direita e da direita" e citou como exemplos a eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos e a polarização que está ocorrendo nas eleições francesas.

O ex-presidente, que governou o país entre 2003 e 2010, lembrou que teve "o prazer de viver o maior período de líderes progressistas na América latina nos últimos 500 anos".

Para reforçar seu argumento, mencionou os governos de Mujica, os Kirchner, na Argentina; Rafael Correa, no Equador; Michelle Bachelet, no Chile; Evo Morales, na Bolívia, e Fernando Lugo, no Paraguai.

No entanto, Lula reconheceu que o movimento de esquerda latino-americano atravessa "um momento de revés" e advertiu que "a direita está tomando o pulso".

Por sua vez, Mujica pediu aos trabalhadores brasileiros que "não cometam os mesmos erros da burguesia paulista" e que busquem "aliados" em todo o continente, pois "a batalha será longa".

"Basicamente nossa luta não é apenas pelos oprimidos, mas para que o mundo não tenha mais repressores", disse o ex-presidente uruguaio.

Em seu discurso, Mujica alertou sobre a revolução digital, considerando ela uma nova forma de "ditadura" que entra de maneira inconsciente e "domina as decisões" das pessoas no mundo inteiro.

"Essa técnica está sendo aplicada em toda a América Latina. Contra todas essas armadilhas, cuidem da ferramenta do partido. As pessoas precisam de partidos, de força coletiva", afirmou.

Em nível local, Mujica recomendou ao Brasil que realize uma reforma política diante da grande quantidade de partidos que existe no país, pois "não pode haver 30 projetos de país", dificultando a governabilidade.

Lula, que manifestou sua intenção de ser candidato nas eleições presidenciais de 2018, criticou as reformas econômicas do presidente Michel Temer, pois, segundo ele, "estão rasgando todas as conquistas históricas" conquistadas pelos trabalhadores.

"Eles querem terceirizar para pagar salários menores", afirmou Lula, se referindo a uma lei de terceirização já aprovada pelo Congresso, que permite converter aos empregados em prestadores de serviços em qualquer atividade.

Para Lula, as reformas trabalhistas e da previdência, que estão em trâmite no Legislativo, prejudicam os trabalhadores, algo que, ele afirma, não aconteceria com um novo governo do PT, pois o partido "já mostrou como tirar o país da crise".

"Hoje, aos 71 anos, estou com mais vontade de ser candidato do que em 1989", disse.

No entanto, as aspirações de Lula podem ser atrapalhadas, já que enfrenta cinco processos por suspeita de corrupção, quatro deles ligados ao caso da Petrobras.

Na próxima quarta-feira, o ex-presidente será interrogado com réu pelo juiz federal Sergio Moro, em Curitiba.

Além disso, Lula pode ser investigado em outros seis processos, conforme solicitado pelo Supremo Tribunal, com base nas delações premiadas de 77 ex-diretores da construtora Odebrecht.

O ex-presidente voltou a criticar a Operação Lava Jato, afirmando existir "um pacto diabólico" entre os meios de comunicação e os procuradores contra ele e seu partido.

"Mais grave do que a prisão é a destruição eles fazem das pessoas diante da opinião pública. Não importa se é verdade, é necessário punir", afirmou.

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