Brasil

Lula e Eduardo Campos saem fortalecidos das eleições

Assim como fez com Dilma Rousseff nas presidenciais de 2010, Lula escolheu Haddad a dedo e impôs sua candidatura apesar das múltiplas resistências do PT

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 29 de outubro de 2012 às 17h30.

São Paulo - O PT do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu aliado PSB, liderado por Eduardo Campos, foram os partidos que mais aumentaram seu número de Prefeituras nas últimas eleições e os que mais avançaram entre as grandes cidades abrindo caminho e ganhando força para o pleito presidencial de 2016.

Lula é apontado como o artífice da eleição como prefeito de São Paulo de Fernando Haddad, relativamente desconhecido para os eleitores que começou com menos de 5% nas pesquisas de intenções de voto e venceu ontem o segundo turno com 55,57% dos votos.

Assim como fez com Dilma Rousseff nas presidenciais de 2010, Lula escolheu Haddad a dedo, impôs sua candidatura apesar das múltiplas resistências do PT e foi o principal orador em seus comícios e em sua propaganda eleitoral.

Já Campos, governador de Pernambuco, que nos últimos dez anos foi um aliado incondicional do PT, transformou o PSB no partido que governa mais capitais e ganhou algumas praças importantes como Belo Horizonte, Recife e Fortaleza.

Segundo analistas, as vitórias do PT nas municipais também fortalecem Dilma, cuja possível reeleição é considerada como prioritária pelo partido de Lula.

"Os grandes vencedores foram Lula e Eduardo Campos. O primeiro ninguém descarta como possível candidato nas próximas presidenciais e Campos surge como outra candidatura viável para a esquerda", disse à Agência Efe o analista político Lúcio Rennó, professor do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB).


"Além do PT, que conseguiu aumentar seu número de prefeitos e deixar claro o poder eleitoral de Lula, quem mais ganhou nas municipais foi o PSB, que conseguiu nacionalizar o nome de Eduardo Campos e mostrá-lo como uma alternativa viável ao PT", concordou Thiago de Aragão, analista-chefe da agência de análise estratégica Arko América Latina.

O PT, o mais votado nas municipais, aumentou o número de cidades que governa das 558 que conquistou em 2008 para 636 neste ano, enquanto o PSB passou de 310 para 443 Prefeituras.

Ambos ainda estão abaixo do PMDB e do PSDB, que, no entanto, perderam espaço. O número de Prefeituras nas mãos do PMDB caiu de 1.201 em 2008 para 1.031 neste ano, e as dos tucanos minguaram de 791 para 702.

Segundo Aragão, enquanto Dilma pouco participou das campanhas, Lula foi muito ativo no apoio de alguns candidatos, embora alguns tenham fracassado, e mostrou que continua sendo alternativa caso a presidente desista de disputar a reeleição ou as pesquisas não a apontem como viável.

Campos, por outro lado, pode surgir como candidato governista caso o PT desista da reeleição de Dilma ou como uma terceira força viável para 2014.

"O PSB mostrou sua viabilidade como partido sólido de esquerda que pode concorrer com a hegemonia do PT, o que deixa Campos como protagonista das próximas eleições presidenciais: qualquer negociação passará por suas mãos", comentou Rennó.


Apesar de se manter como o segundo partido com mais Prefeituras no país, o PSDB sofreu uma forte queda no número de governos regionais, pois só garantiu quatro capitais e perdeu em São Paulo, a joia da coroa e seu reduto desde 2005.

No segundo turno em São Paulo, Haddad derrotou José Serra, líder histórico do PSDB que tinha sido vencido nas presidenciais de 2002 por Lula e nas de 2010 por Dilma.

"A oposição em geral perdeu terreno, mas este naufrágio fortaleceu o senador Aécio Neves, que surge como o candidato mais viável da oposição em 2014", ponderou Rennó.

Neves, ex-governador de Minas Gerais que garantiu a vitória de um aliado seu na Prefeitura de Belo Horizonte, disputava com Serra a hegemonia no PSDB, e por isso, paradoxalmente, foi o mais favorecido pela derrota da oposição na capital paulista.

Do outro lado, Haddad discutiu hoje com Dilma acordos entre a União e o governo municipal durante uma reunião no Palácio do Planalto, na qual agradeceu o apoio da governante.

"Foi uma reunião primeiro para agradecer o apoio, mas também para discutir assuntos importantes para a cidade", afirmou o prefeito eleito a jornalistas após seu encontro de 45 minutos com Dilma. 

Acompanhe tudo sobre:Eduardo CamposEleiçõesEleições 2012GovernadoresLuiz Inácio Lula da SilvaPartidos políticosPersonalidadesPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileirosPSB – Partido Socialista BrasileiroPT – Partido dos Trabalhadores

Mais de Brasil

Preços dos alimentos cairão mais nas próximas semanas, diz ministro

Governo manda ONS tomar medidas para diminuir 'desligamentos' de parques eólicos e solares

Tribunal de Justiça de São Paulo mantém proibição de moto por aplicativo na capital

Conselho de Ética da Câmara aprova parecer pela cassação de Glauber Braga, que promete greve de fome