Brasil

Os políticos mais citados por Delcídio; Lula lidera

Além de Lula, que aparece mais de 180 vezes no documento, são citados a presidente Dilma Rousseff (72 vezes) e o ministro da Educação, Aloizio Mercadante (35)


	Lula: além do ex-presidente, que aparece mais de 180 vezes no documento, são citados a presidente Dilma Rousseff (72 vezes) e o ministro da Educação, Aloizio Mercadante (35)
 (Adriano Machado/Reuters)

Lula: além do ex-presidente, que aparece mais de 180 vezes no documento, são citados a presidente Dilma Rousseff (72 vezes) e o ministro da Educação, Aloizio Mercadante (35) (Adriano Machado/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 15 de março de 2016 às 17h30.

São Paulo - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o político citado mais vezes na delação premiada do ex-líder do governo no Senado Delcídio do Amaral no âmbito da operação Lava Jato, homologada e divulgada nesta terça-feira pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Além do nome de Lula, que aparece mais de 180 vezes no documento, são citados nas acusações feitas pelo senador a presidente Dilma Rousseff (72 vezes) e o ministro da Educação, Aloizio Mercadante (35).

Entre outros diversos políticos de vários partidos aparecem os nomes dos peemedebistas Renan Calheiros (29 vezes) e Eduardo Cunha (20), que presidem o Senado e a Câmara dos Deputados, respectivamente.

O presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), é mencionado 14 vezes por Delcídio, enquanto o nome do vice-presidente da República Michel Temer (PMDB) é visto em 11 ocasiões no documento de mais de 250 páginas.

No caso de Lula, o ex-presidente é acusado por Delcídio de ter agido diretamente para comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, na Lava Jato, e do publicitário Marcos Valério, no caso do mensalão.

De acordo com o documento da delação, o senador disse aos procuradores da Lava Jato que Lula lhe "pediu expressamente" para "ajudar" o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo pessoal do ex-presidente que está preso, pois ele poderia ser implicado em uma delação de Cerveró, que foi titular da diretoria internacional da Petrobras.

"No caso, Delcídio intermediaria o pagamento de valores à família de Cerveró com recursos fornecidos por Bumlai", segundo o documento.

Delcídio, que pediu desfiliação do PT, foi preso em novembro do ano passado acusado de tentar atrapalhar a Lava Jato.

Ele foi flagrado em um áudio feito sem seu conhecimento pelo filho de Cerveró em que aparece oferecendo dinheiro, influência política junto ao Judiciário e até uma rota de fuga para favorecer o ex-diretor da Petrobras.

Já no caso do mensalão, esquema de compra de apoio político durante o primeiro mandato de Lula, Delcídio afirmou que o ex-presidente e o ex- ministro Antonio Palocci, que ocupou a Fazenda no governo Lula e a Casa Civil no início do primeiro mandato de Dilma, atuaram para comprar o silêncio de Valério, principal operador do mensalão.

Ainda de acordo com o documento de delação do senador, o atual presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, prometeu pagar uma dívida a Valério, no valor de 220 milhões de reais, em troca do silêncio do publicitário. Delcídio contou que se reuniu com Okamotto para que a promessa fosse cumprida e, posteriormente, com o próprio Lula.

No dia seguinte, o senador disse aos procuradores ter recebido um telefonema de Palocci no qual ele disse que assumiria os pagamentos a Valério.

"Marcos Valério recebeu, mas não a quantia integral pretendida. De todo modo, a história mostrou a contrapartida: Marcos Valério silenciou", conforme o documento da delação.

Lula foi o principal alvo da 24ª fase da Lava Jato no início de março.

Há expectativa de que o ex-presidente seja nomeado para o ministério de Dilma, em um movimento que lhe daria foro privilegiado junto ao Supremo na Lava Jato. Segundo uma fonte do Palácio do Planalto, Lula aceitou convite para ser ministro.

Procurado, o Instituto Lula disse que não comentaria a delação de Delcídio. "Quem quiser levantar suspeitas em relação ao ex-presidente Lula que o faça diretamente e apresente provas, ou não merecerá resposta", disse.

Dilma tem negado qualquer irregularidade e classificou dias atrás, quando parte do conteúdo da delação vazou na imprensa, que o senador agia por vingança.

Mercadante deve conceder entrevista coletiva nesta tarde para falar sobre a citação de seu nome na delação de Delcídio.

Renan negou em nota as acusações e disse que as alegações são improcedentes, enquanto Cunha ainda não tinha se posicionado sobre o tema. Representantes de Aécio não estavam imediatamente disponíveis para comentar o assunto.

A assessoria de Temer disse que "as declarações do senador Delcídio não procedem".

STJ e Pasadena

Na delação, Delcídio acusa Dilma de atuar ao lado do então ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, atualmente à frente da Advocacia-Geral da União (AGU), para tentar influenciar no andamento da Lava Jato por meio das indicações a tribunais superiores e de uma conversa com o presidente do Supremo, Ricardo Lewandowski, em Portugal em julho de 2015.

Segundo o documento, Delcídio afirmou aos procuradores que Dilma teve participação direta na nomeação de Cerveró para a diretoria financeira da BR Distribuidora e também tinha "pleno conhecimento de todo o processo" da compra pela Petrobras da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, que gerou prejuízo à estatal.

A presidente estava à frente do Conselho de Administração da Petrobras na época da compra da refinaria nos EUA.

Acompanhe tudo sobre:Aloizio MercadanteCorrupçãoDelcídio do AmaralDilma RousseffEscândalosFraudesLuiz Inácio Lula da SilvaPersonalidadesPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileirosPT – Partido dos Trabalhadores

Mais de Brasil

Haddad: pacote de medidas de corte de gastos está pronto e será divulgado nesta semana

Dino determina que cemitérios cobrem valores anteriores à privatização

STF forma maioria para permitir símbolos religiosos em prédios públicos

Governadores do Sul e do Sudeste criticam PEC da Segurança Pública proposta por governo Lula