O presidente também reclamou das regras do Conselho que garantem poder de veto aos cinco países permanentes do órgão (Ricardo Stuckert / PR/Flickr)
Agência de notícias
Publicado em 27 de outubro de 2023 às 16h07.
Última atualização em 27 de outubro de 2023 às 16h23.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a falar sobre o conflito entre Israel e Hamas, no Oriente Médio. Na manhã desta sexta-feira, 27, durante café com jornalistas, Lula reforçou a posição de neutralidade brasileira e voltou a dizer que o país segue o Conselho de Segurança das Nações Unidas e que, dessa forma, não classifica o Hamas como um grupo terrorista.
O presidente também reclamou das regras do Conselho que garantem poder de veto aos cinco países permanentes do órgão.
Na semana passada, a proposta brasileira de cessar-fogo na região recebeu 12 votos favoráveis no Conselho de Segurança da ONU, mas, vetada pelos Estados Unidos, acabou rejeitada. "Ela foi vetada por causa de uma loucura que é o poder de veto concedido aos cinco países titulares do Conselho, que eu sou totalmente, radicalmente contra", disse o presidente, durante o café com jornalistas.
"Eu vi uma manchete aqui no jornal dizendo: a proposta do Brasil foi rejeitada. Não é verdade, é mentira. Não foi rejeitada. Tinha 15 votos em jogo, ela teve 12, duas abstenções e um contra. Como ela pode ter sido rejeitada? Ela foi vetada por causa de uma loucura", disse o presidente. "Isso não é democrático", pontuou.
Para lidar com a questão, Lula defendeu a reforma no colegiado, com a entrada de países como o Brasil, Argentina, México, Egito, Índia, Nigéria e outros como membros permanentes.
Lula fez questão de ressaltar que o Brasil classificou como terrorista o ataque do Hamas a Israel. "Nós dissemos isso em alto e bom som. Não é, não é possível fazer um ataque, matar inocente, sequestrar gente, da forma que eles fizeram, sem medir as consequências que acontecem depois", disse o presidente.
O presidente afirmou que é uma contradição cinco países (Estados Unidos, Reino Unido, China, França e Rússia) no Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU) serem justamente aqueles que fazem guerra. Lula defendeu "democratizar" o órgão já que, em suas palavras, "ele vale hoje muito pouco".
"É esse país de paz que nós queremos construir que é uma contradição com os cinco países do Conselho de Segurança. São os cinco países do Conselho de Segurança que fabricam armas, são os cinco países do Conselho de Segurança que vendem armas e são os cinco do Conselho de Segurança que fazem guerra", disse o presidente.
"Por isso é que nós queremos mudar o Conselho de Segurança, queremos que entrem vários países... O que nós queremos é democratizar o Conselho de Segurança da ONU porque hoje ele vale muito pouco", continuou.