Lula em evento pela educação: ele citou que o governo federal triplicou o orçamento no Ministério da Educação em dez anos (Ricardo Stuckert/ Instituto Lula/Fotos Públicas)
Da Redação
Publicado em 9 de abril de 2016 às 08h57.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, na noite de ontem (8), que as lideranças e trabalhadores da área da educação foram importantes para fazer uma “revolução no ensino superior e no ensino profissional do país”.
O ex-presidente participou do Encontro de Lula com a Educação, no Centro de Convenções do Anhembi, em São Paulo.
“Aqui estão os que sempre lutaram para reformar e democratizar a educação brasileira, resistindo ao elitismo das oligarquias conservadoras. Que se dedicam à causa da qualidade de ensino, muitas vezes com sacrifício da própria vida familiar. Aqui estão aqueles cujo o apoio foi decisivo para que o governo federal tenha conseguido fazer a revolução no ensino superior e no ensino profissional do país”, disse o ex-presidente.
Entre as conquistas, Lula citou o fato de o governo federal triplicar o orçamento no Ministério da Educação em dez anos, a criação de 19 novas universidades federais e do Programa Universidade Para Todos (ProUni).
Segundo ele, o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), de Dilma, qualificou mais de 8 milhões de pessoas.
Sem terras mortos O Auditório Celso Furtado teve faixas de apoio à presidenta Dilma Roussef e contra o impeachment, o que os participantes consideram um golpe. O evento se desenrolou aos gritos de “não vai ter golpe”.
Lula discursou por 40 minutos e falou sobre educação, impeachment, acusações contra ele na questão do sítio em Atibaia e do apartamento no Guarujá, fez críticas sobre como é tratado e retratado pela grande mídia.
Ele também lembrou dos trabalhadores sem terra mortos em confronto com a Polícia Militar no Paraná.
“Queria pedir uma salva de palmas em solidariedade a dois companheiros do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra [MST] na Fazenda Araupel [no município de Quedas do Iguaçu, no oeste do Paraná] que foram assassinados ontem (7). São duas vítimas da falta de respeito pelo povo trabalhador desse país”, disse Lula sobre a morte dos trabalhadores rurais Vilmar Bordim, de 44 anos, e Leomar Bhorbak, de 25 anos.
Bordim era casado e pai de três filhos. A mulher de Bhorbak está grávida de nove meses. Ambos eram do Acampamento Dom Tomás Balduíno, localizado em terreno desapropriado pela Justiça Federal que pertencia à empresa de celulose Araupel.
O ex-presidente também comentou sobre o precesso de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff. “Vocês vieram aqui hoje defender uma causa que é preservação do estado de direito e a democracia”, disse sobre as manifestações contra o impeachment.
“Todo mundo sabe que impeachment só é legal com crime de responsabilidade. Impeachment sem crime é golpe”, disse.
Lula também comentou sobre as investigações feitas contra ele. “Estão tentando atacar naquilo que para mim é mais sagrado, tentando atacar a minha moral. Eles me deram apartamento no Guarujá que não é meu. Inventaram uma chácara que não é minha”. Lula disse que para a chácara ser dele, ele precisa comprar e ter escritura.
“Eu duvido que tenha alguém, um procurador, um delegado ou um juiz que seja R$ 0,10 mais honesto que eu nesse país”, disse, após lembrar que já prestou cinco depoimentos sobre o caso. Lula acrescentou que, quando tudo isso terminar, só vai querer que lhe peçam desculpas.
Lula disse não entender o porquê de existir tanta aversão contra o PT. “Nós provamos que pobre não era problema, pobre passou a ser a solução desse país. Provavelmente tenha sido esse comportamento nosso que tenha causado tanta raiva tanto rancor e tanto desprezo”.
A imprensa também foi assunto para Lula. Ele citou a campanha presidencial de 2006 e disse que seus adversários, que não tinham chance de vitória, tinham mais espaço que ele na mídia.
Segundo ele, apesar disso, nunca se queixou. “Eu acho que quem deve julgar a imprensa não é o presidente, é o ouvinte, é o leitor”.
“Eu estou voltando a ser o 'lulinha paz e amor'. Eu não vou ficar com raiva quando eles me ofendem, não há nada nesse país que vai me fazer abaixar a cabeça”, disse o ex-presidente. “Pode ter o que quiser, eu vou continuar indo pra rua, defendendo a democracia”.
Avanços A presidenta do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), Maria Izabel Azevedo Noronha, disse que a educação foi um dos setores que teve mais avanços no país durante os governos de Lula e Dilma.
“Queremos admitir que se tem uma política nesse país, ou um setor no país, que de fato teve avanços substanciais foi a educação. Começou desde a ampliação do ensino fundamental para nove anos, ampliação da escolaridade de zero a 17 anos. O conceito de financiamento foi mudado”, disse.
Bebel, como é conhecida a presidenta da Apeoesp, disse que a categoria tem um papel na conjuntura política atual. “Não dá para nos omitirmos, não dá pra conversarmos com nossos alunos e deixar de explicar o que significa esse falso impeachment com nome de golpe. Esse impeachment que acontecerá na forma de golpe representará retrocesso para a nação brasileira.”
Para a presidenta do sindicato, o papel dos professores é fundamental. “Convivemos 200 dias letivos com a comunidade escolar e não podemos passar ao largo do que significa todo esse movimento contra as políticas que deram certo e o que pode significar esse impeachment para o país”.