O presidente Lula reiterou que a decisão sobre os caças já não cabe mais a ele (AFP)
Da Redação
Publicado em 7 de dezembro de 2010 às 05h44.
Rio de Janeiro - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira que vai deixar para seu sucessora, Dilma Rousseff, a licitação para a compra de 36 aviões de combate da qual participam empresas da França, EUA e Suécia.
"É uma dívida muito grande, de longo prazo. Não posso assinar uma dívida tão grande para o próximo Governo", disse Lula em entrevista ao canal "TV Brasil".
Lula comentou que poderia "assinar um acordo com a França" se quisesse e sem pedir permissão a ninguém, até o dia 1º de janeiro, quando cederá o poder a Dilma, mas reiterou que a decisão já não cabe a ele.
O governante, que manifestou em várias ocasiões sua preferência pelo Rafale, fabricado pela empresa francesa Dassault, lembrou que antes de tomar uma decisão, é necessário esperar à sentença que será emitida pelo Conselho Nacional de Defesa.
Junto à aeronave francesa, participam da licitação o Gripen, da empresa sueca Saab, e o Super Hornet F/A-18, da americana Boeing.
A Força Aérea recomendou ao Governo a compra dos aviões franceses, que de acordo com as palavras do ministro da Defesa, Nelson Jobim, são os que "melhor se adaptam" às necessidades do país.
A França é um parceiro privilegiado do Brasil na área de defesa e em 2008 assinou contratos para vender ao país cinco submarinos, um deles de propulsão nuclear, e 50 helicópteros.
Para decidir o ganhador da milionária licitação, o Governo brasileiro vai levar em conta o preço dos aparatos, a transferência de tecnologia e a cessão de direitos de venda para outros países sul-americanos.
O Brasil pretende encaixar os aviões em suas próprias fábricas para abastecer a Força Aérea e exportar para outros países da região.
O anúncio de Lula coincidiu com o aviso do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que o novo Governo vai aplicar um plano de austeridade, com cortes de gastos públicos em todos os ministérios, o que afetará inclusive o da Defesa.
O objetivo do corte de gastos é a diminuição do déficit e o equilíbrio das contas públicas, o que permitiria uma diminuição gradual das taxas de juros.