Brasil

Lula discursa em SP em dia de greve e protestos pelo país

Discurso fechou o dia de mobilizações contra a reforma da Previdência. Segundo organizadores, mais de 200 mil pessoas participaram de ato na Paulista

Lula discursa para multidão na avenida Paulista em manifestação contra a Reforma da Previdência - 15/03/2017- Paulo Pinto/Agência PT (Paulo Pinto/Agência PT/Divulgação)

Lula discursa para multidão na avenida Paulista em manifestação contra a Reforma da Previdência - 15/03/2017- Paulo Pinto/Agência PT (Paulo Pinto/Agência PT/Divulgação)

Talita Abrantes

Talita Abrantes

Publicado em 15 de março de 2017 às 19h52.

Última atualização em 16 de março de 2017 às 19h33.

São Paulo - Um dia depois de prestar depoimento para a Justiça Federal de Brasília onde é réu por supostamente barrar as investigações da Operação Lava Jato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou na noite de hoje de protesto na avenida Paulista, em São Paulo, contra as reformas da Previdência e a trabalhista.

O discurso do petista durou cerca de 10 minutos, tempo suficiente para que ele fosse ovacionado pelas cerca de 200 mil pessoas que, segundo organizadores, ocupavam parte da principal avenida da cidade nesta quarta.

Munido de uma folha de papel, onde anotou números referentes aos seus oito anos de governo, Lula fez ataques à gestão de Michel Temer e à reforma da Previdência, que, segundo ele, vai "proibir que milhões e milhões de brasileiros consigam se aposentar".

"Está cada vez ficando mais claro que o golpe não foi contra a Dilma e partidos de esquerda.  O golpe dado foi para colocar um cidadão sem nenhuma legitimidade para acabar com as conquistas da classe trabalhadora", disse.

Ele admitiu que há problemas na Previdência, mas, na visão dele, não há necessidade de reformá-la. "Eu gostaria que o Meirelles estivesse ouvindo, que o Temer estivesse ouvindo. Ao invés de fazer uma reforma para tirar direitos, faça a economia voltar a crescer, gere empregos, aumente o salário, que a receita vai voltar", afirmou.

"Quando nós geramos 22 milhões de empregos, quando todas as categorias tinham aumento acima da inflação, quando o salário mínimo era reajustado todo ano, quando as pequenas e médias empresas eram formalizadas e legalizadas, a Previdência crescia", afirmou.

Segundo ele, "somente o povo nas ruas, somente o povo usando os instrumentos de luta e somente quando a gente tiver um presidente legítimo, a gente vai conseguir fazer esse país voltar a crescer, gerar emprego".

Já em tom de campanha eleitoral que lembrou seus discursos antes de ser eleito em 2002, Lula não mediu palavras para atacar o atual presidente. "O Temer deveria vender o que é dele e não o patrimônio do cidadão brasileiro. Esse país já foi respeitado e hoje nós temos um presidente que não tem nem coragem de ir para a Bolívia ou Uruguai", disse.

"Vindo para as ruas, vocês estão dando a demonstração de que quem pensa que o povo está contente está enganado. Esse povo só vai parar quando eleger um governo democrático", concluiu deixando claro, nas entrelinhas, que a corrida eleitoral para 2018 já começou -- e, a menos que uma hecatombe aconteça, ele já está no páreo.

Dia de greve e protestos

O discurso de Luiz Inácio Lula da Silva nesta noite fechou o dia de greves e protestos contra as reformas da Previdência e trabalhista pelo país. De acordo com organizadores, mais de 200 mil pessoas fecharam parte da avenida Paulista durante os atos. No  Rio de Janeiro, o número foi de cerca de 100 mil pessoas. Trabalhadores de 25 estados e Distrito Federal também participaram da onda de atos e paralisações.

Em evento do Sebrae, o presidente Michel Temer rebateu as críticas à reforma da Previdência. "Não podemos fazer coisa modestíssima agora, para daqui quatro ou cinco anos fazermos corte muito maior, como Portugal, Espanha e Grécia”, afirmou. Apesar da comparação, algumas categorias aproveitaram este 15 de março para aprovar uma nova onda de greves.

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