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Lula deveria agir como Milei ao negociar tarifas com Trump, diz Bolsonaro

Em entrevista, ex-presidente lembrou ainda um embate com líder americano sobre taxas ao aço brasileiro

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 15 de julho de 2025 às 17h54.

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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) criticou nesta terça-feira, 15, em entrevista ao site Poder360, a maneira como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está reagindo à tarifa extra de 50% anunciada ao Brasil pelo governo dos Estados Unidos.

Na última quarta-feira, 9, o republicano disse pela rede social Truth Social que a taxa se deve aos processos judiciais contra Bolsonaro e ações para limitar a atuação de redes sociais americanas, além de citar práticas comerciais brasileiras que considera prejudiciais aos EUA. A medida entra em vigor em 1º de agosto, e ainda pode ser negociada.

Bolsonaro elogiou a abordagem de Javier Milei, presidente da Argentina, nas negociações com o presidente americano Donald Trump sobre as tarifas aplicadas ao país e disse conduziria a situação de modo semelhante. 

“Se eu fosse presidente, o acordo de tarifas com os Estados Unidos teria sido feito de maneira parecida com a Argentina. O Lula está o tempo todo provocando”, disse Bolsonaro.

O ex-presidente ressaltou que não tem participação na decisão de Trump em elevar as taxações ao Brasil e recordou um antigo encontro com o republicano. "Essa decisão é do Trump. Não tem participação minha. Eu tive problemas com o Trump em 2019, quando ele quis taxar o nosso aço. Eu fui até lá para conversar com ele e não taxou o nosso aço."

Ele também defendeu que as intenções de Donald Trump com as tarifas buscam trazer mais "paridade" nas relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos.

"Ele [Milei] conversou com o Trump e fechou em tarifas de 10%. Se esse governo tivesse interlocução com o governo americano, iria falar com ele. Até o Xi Jinping [presidente da China] conversou com ele. Todos os países que foram taxados até 100% e tinham um prazo para entrar em vigor já resolveram. O que o Trump procura é uma paridade das taxações. Nós taxamos o que vem de lá e o que vai para lá é média 60%".

Pressão de Trump sobre o Brasil

Na carta publicada na última quarta-feira, Donald Trump, anunciou uma tarifa extra de importação de 50% para os produtos brasileiros. Em uma carta endereçada ao presidente Lula, ele disse:

"Devido, em parte, aos ataques insidiosos do Brasil às eleições livres e aos direitos fundamentais de liberdade de expressão dos americanos (como recentemente ilustrado pelo Supremo Tribunal Federal, que emitiu centenas de ordens de censura SECRETAS e ILEGAIS a plataformas de mídia social dos EUA, ameaçando-as com milhões de dólares em multas e despejo do mercado brasileiro de mídia social), a partir de 1º de agosto de 2025, cobraremos do Brasil uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros enviados aos Estados Unidos, separadamente de todas as tarifas setoriais. Mercadorias levadas a outros países  para escapar dessa tarifa de 50% estarão sujeitas a essa tarifa mais alta".

"Conheci e lidei com o ex-presidente Jair Bolsonaro e o respeito profundamente, assim como a maioria dos outros líderes de países. A forma como o Brasil tratou o ex-presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato, inclusive pelos Estados Unidos, é uma vergonha internacional. Este julgamento não deveria estar acontecendo. É uma caça às bruxas que deve terminar IMEDIATAMENTE!", afirmou.

"Além disso, tivemos anos para discutir nossa Relação Comercial com o Brasil e concluímos que precisamos nos afastar da relação comercial de longa data e muito injusta, gerada pelas Políticas Tarifárias e Não Tarifárias e Barreiras Comerciais do Brasil. Nossa relação está longe de ser recíproca", disse o presidente americano.

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