Lula: uma volta de nomes antigos do PT tem sido usada pelo presidente Jair Bolsonaro contra Lula (Amanda Perobelli/Reuters)
Reuters
Publicado em 24 de março de 2022 às 15h55.
Última atualização em 24 de março de 2022 às 16h16.
Em primeiro lugar nas intenções de voto das pesquisas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nessa quinta-feira que, caso vença as eleições deste ano, fará um governo com "gente nova", e descartou a participação de velhos nomes petistas como a ex-presidente Dilma Rousseff, o ex-ministro José Dirceu ou o ex-deputado José Genoino.
Ao responder a uma pergunta feita em entrevista à rádio Super Notícia, de Minas Gerais, Lula frisou que tem muito respeito pelos companheiros de partido e que são todos seus amigos, mas que pretende trazer para seu governo pessoas novas, que estão participando agora da formação da sua campanha.
"Eu acho que tem muita gente que surgiu depois que governamos. Tem muita gente nova, muita gente que vamos colocar. Essas pessoas que têm experiência podem me ajudar dando palpite, conversando... às vezes podem me ajudar não fazendo nada. Vamos fazer um governo com a gente nova que está participando do processo da campanha", afirmou.
Uma volta de nomes antigos do PT tem sido usada pelo presidente Jair Bolsonaro contra Lula. Apesar de o petista nunca antes ter mencionado isso, e nenhum dos citados ter levantado a hipótese de participar de um novo governo, Bolsonaro mais de uma vez disse que a volta de Lula seria a volta de Zé Dirceu ou de Dilma.
Lula garantiu que não pensa nisso e, apesar de ressaltar que a ex-presidente tem uma "competência técnica extraordinária", afirmou que não faz sentido uma ex-presidente servir como auxiliar em outro governo.
"Essas pessoas continuam tendo muito valor para mim. Todos eles são meus amigos, eu tenho profundo respeito. E obviamente que eles não vão repetir a passagem deles pelo governo", disse Lula. "Eu posso dizer, se eu conheço a personalidade desses que você citou, nenhum deles aceitaria. Porque eles sabem a importância que eu dou de fazer um governo ousado para o período 2023 a 2026."
O ex-presidente foi mais uma vez questionado sobre a decisão de ter o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin como seu companheiro de chapa. O ex-tucano, que ontem assinou sua filiação ao PSB e deve ser anunciado em breve oficialmente como vice de Lula, tem atraído críticas de setores mais à esquerda do PT.
"Contraditório seria eu ter um vice do PT, porque seria soma zero. Seria nós com nós. Dois PTs não acrescentam nada na expectativa eleitoral da sociedade brasileira", afirmou. "Minha junção com Alckmin, se ela acontecer, e com outros companheiros do PCdoB, do PSOL, do PV, do Solidariedade, e da tentativa com o PSD, é na perspectiva que poderemos recuperar o Brasil. Se eu fizer aliança com Alckmin será uma aliança muito forte para ganhar e mudar o Brasil."