Exército: Arruda estava no cargo desde 30 de dezembro (Alan Santos/PR/Flickr)
Da redação, com agências
Publicado em 21 de janeiro de 2023 às 15h01.
Última atualização em 21 de janeiro de 2023 às 19h18.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) demitiu, neste sábado, 21, o comandante do Exército, general Júlio César de Arruda. Arruda assumiu o cargo de forma interina no dia 30 de dezembro, nos últimos dias do governo Jair Bolsonaro (PL).
Ele havia sido escolhido pelo critério de antiguidade e chegou ao comando do Exército em meio à resistência de algumas alas do governo. Nesse cenário, coube ao ministro de Defesa, José Múcio, trabalhar para desarmar as desconfianças.
Na sexta-feira, antes de ser demitido, Arruda participou de uma reunião com Lula e o ministro da Defesa, José Mucio Monteiro e os comandantes da Marinha e da Aeronáutica. O encontro tinha como objetivo aparar as arestas entre o governo e as forças armadas após os atos antidemocráticos do dia 8 de janeiro. O presidente havia manifestado desconfiança em militares responsáveis pela segurança da sede do Executivo federal.
A exoneração está relacionada à falta de alinhamento de Arruda com o Palácio do Planalto. Segundo o jornal O Globo, na avaliação de integrantes do governo, ele não vinha contribuindo para o processo de pacificação entre Lula e a caserna, mostrando-se resistente em alguns momentos. A mudança foi sacramentada um dia depois de Lula ter se reunido com os comandantes da Três Forças.
O substituto será o atual comandante militar do Sudeste, general Tomás Miguel Ribeiro Paiva. Na última sexta-feira, 20, ele afirmou, em primeira manifestação pública de um militar desde dos atos, que o resultado das urnas deve ser respeitado.
“Vamos continuar garantindo a nossa democracia, porque a democracia pressupõe liberdade e garantias individuais e públicas. E é o regime do povo, de alternância de poder. É o voto. E, quando a gente vota, tem de respeitar o resultado da urna”, disse.
Um dos três mais antigos oficiais generais do Alto Comando do Exército (ACE), Tomás, como é conhecido, foi um dos comandantes que se opuseram a qualquer tentativa de virada de mesa após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva na eleição presidencial. Por isso, tornou-se alvo, ao lado de outros integrantes do ACE, de uma campanha difamatória de bolsonaristas.
O desgaste da relação de Lula com as forças armadas acentuou depois dos ataques do início do mês. Na ocasião, golpistas bolsonaristas destruíram a sede dos três Poderes da República. O presidente desconfia da conivência de militares com a invasão do Palácio do Planalto. Em entrevista à GloboNews nesta semana, Lula afirmou que militares que quisessem fazer política deveriam se retirar da instituição.
"E eu quero que a gente volte à normalidade, é isso. As pessoas estão aí para cumprir as suas funções e não para fazer política. Quem quiser fazer política, tire a farda, renuncie ao seu cargo, crie um partido político e vá fazer política", disse na ocasião.
Em entrevista ao jornal O Globo, dias após o atentado, o ministro da Casa Civil também criticou duramente a inação dos militares em relação aos acampamentos golpistas diante do QG do Exército. "É consenso que a atuação de militares esteve longe da eficiência", disse Costa na ocasião.
Com Estadão Conteúdo e Agência o Globo.