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Lula defende indicações políticas para cargos do Executivo

Em tom irônico, o petista afirmou no depoimento ao STF que em outra encarnação, "vamos indicar só gente do Ministério Público"

Lula: Lula prestou depoimento na última sexta, como testemunha de defesa de Gleisi e seu marido (Agência Brasil/Agência Brasil)

Lula: Lula prestou depoimento na última sexta, como testemunha de defesa de Gleisi e seu marido (Agência Brasil/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 10 de julho de 2017 às 21h01.

Brasília - Em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que o Ministério Público acha "criminoso" o fato de partidos políticos indicarem nomes para ocupar cargos na administração pública federal.

Segundo Lula, essas nomeações fazem parte de uma "política de coalizão" para garantir a governabilidade. Em tom irônico, o petista afirmou que em outra encarnação, "vamos indicar só gente do Ministério Público" para cargos do Executivo.

Lula prestou depoimento na última sexta-feira, 7, como testemunha de defesa no âmbito de uma ação penal que tramita no STF contra a senadora Gleisi Hoffmann (PT) e o marido, o ex-ministro do Planejamento Paulo Bernardo (PT), no âmbito da Operação Lava Jato. O vídeo do depoimento foi divulgado nesta segunda-feira, 10.

"Quando você é eleito, você é eleito com um grupo de forças políticas que lhe apoiam. Essas forças políticas é que participam da montagem do governo. E nesse instante, sabe, o PP indicou o Paulo Roberto (Costa, para a Diretoria de Abastecimento da Petrobras), que era um homem de carreira da Petrobras, profissional que não pesava contra ele nenhuma acusação sobre nada, era tido como extremamente competente", comentou o ex-presidente, ao ser questionado sobre o processo da escolha de Costa.

Durante o depoimento, Lula disse que fazia questão de explicar como é feito o processo de escolha de nomes para cargos da administração pública, porque "o Ministério Público em todas as acusações acha criminoso os partidos indicarem pessoas".

"Numa outra encarnação, nós vamos indicar só gente do Ministério Público", ironizou Lula.

"Se for olhar no regime democrático, no mundo inteiro, todos os países do mundo, inclusive o Brasil, em que você disputa uma eleição fazendo aliança política com outros partidos políticos, é normal e é razoável politicamente que, ao montar o governo, você indique para os cargos importantes da República as pessoas que te ajudaram a ganhar as eleições", prosseguiu o petista.

Réus

Em setembro do ano passado, a Segunda Turma do STF aceitou por unanimidade a denúncia contra Gleisi e Paulo Bernardo, que se tornaram réus na Operação Lava Jato.

Gleisi e Bernardo são investigados por suposto recebimento de R$ 1 milhão para custear a campanha eleitoral da petista ao Senado em 2010.

Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), o dinheiro era oriundo do esquema de corrupção e lavagem de dinheiro estabelecido na Diretoria de Abastecimento da Petrobras, na época chefiada por Costa.

O suposto repasse de quantias ilícitas, de acordo com a PGR, tinha como finalidade a manutenção de Costa no cargo. O pagamento do dinheiro teria sido operacionalizado pelo doleiro Alberto Youssef.

Indagado pela defesa de Gleisi se achava correta a acusação contra a senadora, Lula respondeu: "Não concordo com todas as acusações que são feitas, elas são baseadas em algumas delações de pessoas que não merecem nenhuma credibilidade."

Segundo as defesas de Gleisi e Paulo Bernardo, a PGR se baseou exclusivamente nas delações premiadas de Costa e Youssef para apresentar a denúncia.

De acordo com Lula, Gleisi não teve nenhuma influência na indicação de Costa à Petrobras. "Ela (Gleisi) não tinha cargo público, e o Ministério do Planejamento (na época ocupado por Paulo Bernardo) não tinha nada a ver com as indicações da Petrobras", disse o ex-presidente.

Lula também disse que o presidente da República "não é obrigado a conhecer as pessoas que são indicadas" - o próprio petista disse que não conhecia Paulo Roberto Costa na época da indicação.

"As pessoas que são indicadas são conhecidas do partido, que discutem com os líderes do governo e o Ministério de Relações Institucionais, que levam à Casa Civil a indicação de tal partido. E essa indicação passa por esse processo. O presidente necessariamente não é obrigado a conhecer a pessoa", comentou Lula.

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