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Lula critica privatizações e fim de reserva na Amazônia

Nesta semana, o governo federal publicou decreto extinguindo uma área de reserva florestal de 46.450 km² na Amazônia, na divisa entre Pará e Amapá

Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Paulo Whitaker/Reuters)

Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Paulo Whitaker/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 27 de agosto de 2017 às 09h13.

São Paulo - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez críticas duras às medidas recentes anunciadas pelo governo do presidente Michel Temer (PMDB), como o pacote de privatizações e o decreto que extinguiu uma enorme área de conservação florestal na Amazônia. Na avaliação de Lula, essas medidas afetam a soberania brasileira.

"Precisamos discutir soberania nacional. Isso significa a gente querer ser dono do Brasil. Significa que a Amazônia é nossa e ninguém vai meter o dedo nela", discursou Lula durante ato que reuniu militantes na noite de sábado em João Pessoa. "Não queremos palpites externos, não queremos ficar com complexo de vira lata", disse.

Nesta semana, o governo federal publicou decreto extinguindo uma área de reserva florestal de 46.450 km² (tamanho equivalente ao do Espírito Santo) na Amazônia, na divisa entre Pará e Amapá, uma área que desperta interesse de empresas exploradoras de minérios.

O governo anunciou também um pacote de privatizações que inclui 57 ativos públicos, como a Casa da Moeda e a Eletrobras. Outro flanco das reformas do governo Temer é a extinção da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), que permite a concessão de financiamentos subsidiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

"A nação é composta por muitas coisas, como a Casa da Moeda. A moeda é um patrimônio do País", ressaltou Lula. "Acabaram com a TJLP. Logo, logo vão querer vender o BNDES, a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil", especulou.

No palanque à frente de uma multidão, o ex-presidente afirmou ainda que a proposta de privatização atende interesses empresariais e que os recursos originados nas vendas dos ativos públicos não serão revertidos em investimentos sociais, como educação, saúde e moradia.

"Não estão vendendo para fazer investimentos. Mas para atender interesses do mercado, de grandes empresários brasileiros e estrangeiros. Estão fazendo a toque de caixa", disse. "O que está em jogo é o combate à destruição do patrimônio público. Eles estão querendo vender tudo", concluiu.

Condenação

Lula, que foi condenado em primeira instância a 9 anos e 6 meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva e de lavagem de dinheiro no caso envolvendo o apartamento tríplex no Guarujá (SP), também voltou a afirmar que não há elementos que provem a sua culpa.

"Eu desafio qualquer um a provar um centavo de errado nas minhas contas. Desafio delegados, procuradores. Essa gente está há três anos com a Lava Jato. Todo mundo é inocente até que provem o contrário", disse, durante o ato.

"Eu tinha consciência da coragem do povo brasileiro ao digitar meu nome na urna. Eu tinha noção da minha responsabilidade. No dia que provarem qualquer coisa contra mim, eu virei aqui com a mesma dignidade de hoje pedir desculpas", completou.

Lula chegou à Paraíba no começo da noite de sábado, após ato realizado mais cedo em Pernambuco. A Paraíba é o quinto Estado no roteiro de visitas de Lula à Região Nordeste. No domingo, a caravana segue para a cidade de Campina Grande, ainda na Paraíba. (Circe Bonatelli - circe.bonatelli@estadao.com)

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