Lula é carregado de volta para dentro de sindicato após discurso em São Bernardo dos Campos neste sábado, 7 de abril de 2018 (Leonardo Benassatto/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 7 de abril de 2018 às 15h34.
Em seu último comício antes de se entregar à Lava Jato, neste sábado, 7, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ressaltou falta de um habeas corpus para Marcelo Odebrecht. Inconformado com o que chamou de sua possível "prisão preventiva", o ex-presidente evocou a situação do empreiteiro e do seu companheiro de partido, João Vaccari Neto. "Eles (a Lava Jato) tentaram me prender por obstrução de justiça. Não deu certo. Eles agora querem me pegar numa prisão preventiva."
O petista disse que "se fosse bandido, ficaria calado" no lugar de se pronunciar e pedir "as provas". Ele, no entanto, questionou a situação de Vaccari, preso preventivamente desde abril de 2015 na Lava Jato, e citou seu delator, Marcelo Odebrecht, que foi capturado em junho de 2015 e em dezembro de 2017 passou para regime de prisão domiciliar.
Odebrecht pagou multa de R$ 73,3 milhões e cumpre pena em regime domiciliar, conforme seu acordo de delação premiada com a Justiça.
Odebrecht é um dos 77 delatores da empreiteira que confessaram supostos repasses ilícitos a 415 políticos e 215 partidos. Em depoimentos, o empresário disse ter pago propinas ao ex-presidente na forma de contratos com seu sobrinho em Angola, no sítio em Atibaia, no imóvel onde supostamente seria sediado o Instituto Lula e até mesmo no imóvel vizinho ao apartamento do ex-presidente em São Bernardo do Campo. Também entregou documentos, e-mails e registros de pagamentos supostamente em benefício do petista.
"O Vaccari está preso há dois anos. O Marcelo Odebrecht gastou 400 milhões e não teve habeas corpus!", afirmou Lula no comício.