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Lula: ainda não sou candidato, o PT que precisa me lançar

Em sua fala, o ex-presidente pediu que a esquerda reformule a forma de militar e pressione o atual governo do presidente Michel Temer

Lula: em Brasília, o ex-presidente deu sinais sutis de que poderá ser candidato às eleições de 2018 (Filipe Araújo/Divulgação)

Lula: em Brasília, o ex-presidente deu sinais sutis de que poderá ser candidato às eleições de 2018 (Filipe Araújo/Divulgação)

Marcelo Ribeiro

Marcelo Ribeiro

Publicado em 12 de janeiro de 2017 às 20h31.

Última atualização em 13 de janeiro de 2017 às 01h09.

São Paulo – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou, nesta quinta-feira (12), do 33º congresso da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), em Brasília. Lula, que falou por cerca de 50 minutos, deu sinais discretos de que pretende ser candidato à presidência da República nas eleições de 2018.

Ao sair do evento, o ex-presidente afirmou que não pode se declarar candidato, enquanto o PT não se posicionar. “Eu não sou candidato, é o partido que tem que me lançar”.

Indagado sobre a crise penitenciária no país, Lula diz que a situação atual reflete uma irresponsabilidade total do governo.

“Lamentavelmente, os governantes não tratam a questão penitenciária como um centro de recuperação para as pessoas que estão presas. Você prende uma pessoa que cometeu um pequeno delito e quando a tira da cadeira, ela se tornou um grande bandido. Esse é o problema”.

https://twitter.com/exame_noticias/status/819639795425181697

Com exclusividade a Exame.com, o presidente evitou dar detalhes sobre como seria o seu discurso e se lançaria a candidatura em 2018 durante o congresso. "Será um samba de uma nota só".

Lula cobra militância

Em sua fala, o petista pediu que os militantes da esquerda reformulem a forma de pressionar o que classificou como retrocessos comandados pelo governo do presidente Michel Temer (PMDB).

"Não podemos continuar lutando apenas gritando um dia ou outro na porta do Congresso. É preciso começar a fazer pressão na porta da casa dos deputados, dos senadores e na porta da casa dele".

Lula destacou a necessidade de desconstruir o discurso de que o governo do PT "quebrou" o país. "Eles não deram um golpe para fazer melhor que nós, eles deram um golpe para destruir o que nós construímos. Dilma cometeu equívocos, mas não quebrou o país".

O ex-presidente fez ainda uma ofensiva contra aqueles que se opõem a sua eventual candidatura ao comando do Palácio do Planalto.

"Este ano, quem acha que vai me proibir de fazer as coisas nesse país pode se preparar, vou voltar a andar nesse país para discutirmos os temas importantes. Se eu voltar a ser candidato é para fazer muito mais do que fizemos".

Antes disso, Lula fez uma brincadeira ao deixar os óculos caírem enquanto discursava. "O candidato não sabe segurar os óculos".

Pouco antes de concluir a sua fala, o petista perguntou ao público de mais de quatro mil pessoas. "Quem vai tirar o país da lama?". A platéia respondeu: "Lula!"

Início de discurso conturbado

No início de sua fala, cerca de 200 pessoas vaiaram o ex-presidente. O grupo pertencia à Central Sindical e Popular (CSP Conlutas). Imediatamente, os manifestantes foram retirados do plenário.

Segundo Janaína Rodrigues, que pertence ao CSP de São Paulo, Lula foi responsável pela crise na educação, tanto quanto Temer e os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Dilma Rousseff (PT). "Assim como FHC e Temer, Lula e Dilma também cortaram investimentos em educação, quando estavam na presidência".

A sindicalista criticou a decisão da CNTE de convidar Lula para discursar no evento. "De maneira antidemocrática, esse congresso tem Lula como convidado de honra. Logo ele que não colaborou nada para os avanços da educação no país".

No mesmo sentido, Max Mol, da CSP de Minas Gerais, atribuiu aos governos do PT parte da responsabilidade pelas reformas que Temer está promovendo em sua gestão.

"Nos negamos a aceitar que Lula, que atacou os trabalhadores, seja convidado de honra para o congresso da CNTE", criticou o sindicalista.

 

 

 

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