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Lula afirma que não pediu que Europa e EUA mudassem postura sobre guerra na Ucrânia

Lula afirmou apenas querer que se falasse em paz e defendeu uma solução negociada entre Rússia e Ucrânia

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (e) e o primeiro-ministro de Portugal, António Costa (d), durante a XIII Cimeira Luso-Brasileira (Ricardo Stuckert/PR/Reprodução)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (e) e o primeiro-ministro de Portugal, António Costa (d), durante a XIII Cimeira Luso-Brasileira (Ricardo Stuckert/PR/Reprodução)

Estadão Conteúdo
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Agência de notícias

Publicado em 23 de abril de 2023 às 15h47.

Em visita a Portugal, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a atenuar declarações polêmicas que havia dado sobre a Guerra na Ucrânia. Em entrevista exclusiva à TV portuguesa RTP, o petista disse que "nunca" pediu que a União Europeia e os Estados Unidos tivessem uma postura diferente em relação ao conflito. Lula afirmou apenas querer que se falasse em paz e defendeu uma solução negociada entre Rússia e Ucrânia.

"Nunca pedimos que Europa e Estados Unidos tivessem outro comportamento. O que nós queremos é que eles também comecem a falar em paz", afirmou Lula. "O que o Brasil não quer é se alinhar à guerra, é se alinhar a um grupo de países que constroem a paz. Se todo mundo se envolve diretamente na guerra, a pergunta que eu faço é: quem vai conversar sobre paz?"

Em viagem à China na semana passada, Lula havia afirmado que a Ucrânia também era responsável pela guerra, e acrescentou que Europa e EUA estimulavam o conflito.

"A decisão da guerra foi tomada por dois países", disse o presidente em entrevista coletiva. "O presidente Putin não toma iniciativa de parar, o Zelenski não toma iniciativa de parar, e Europa e Estados Unidos terminam dando uma contribuição para a continuidade dessa guerra", afirmou.

Reação no exterior

A fala gerou forte reação negativa tanto de europeus como de estadunidenses. Segundo a Casa Branca, o posicionamento de Lula sobre o conflito era "profundamente problemático" e "equivocado" e repetia propaganda da Rússia e da China.

Na sequência da viagem à Ásia, o presidente foi ainda a Abu Dabi onde repetiu que a "decisão de guerra" era responsabilidade tanto da Ucrânia, invadida, quanto da Rússia.

Após a enorme repercussão, Lula mudou de tom e passou a ressaltar que o Brasil sempre condenou as ações da Rússia. Ele repetiu este posicionamento na entrevista ao jornalista da RTP Paulo Dentinho, sublinhando que "o Brasil não tem uma posição ambígua": "Eu não sei quem é que interpreta (isso dessa forma), o Brasil tem uma posição clara, o Brasil condena a Rússia por invadir o espaço territorial da Ucrânia, ponto".

Neste sábado, 22, em entrevista coletiva ao lado do presidente português, Marcelo Rebelo, Lula afirmou que nunca equiparou as responsabilidades dos dois países em conflito. "Eu nunca igualei Rússia e Ucrânia. Sei o que é invasão e o que é integridade territorial", disse o petista. "Mas agora a guerra já começou e alguém precisa falar em paz."

O presidente acrescentou que é preciso reunir um grupo de países para dar continuidade a um processo de resolução do conflito. "É preciso construir uma narrativa que convença Putin e Zelenski de que a guerra não é a melhor maneira para resolver os problemas", comentou.

Lula também respondeu sobre os protestos da direita portuguesa contra sua visita ao país. "Em Portugal também tem uma certa polarização com um lado mais extremista de direita com os outros partidos, mas eu não tenho nenhum problema, eu não vim aqui para entrar na polêmica com o Parlamento português", disse. "Eu vim aqui para cumprir uma agenda e as pessoas não são obrigadas a gostar do Lula, não são obrigadas a gostar do Presidente do Brasil."

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