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Lula afirma que não é contra a Lava Jato, mas crítico de delações

Lula também disse que não é candidato oficialmente, mas afirmou que vai ganhar se concorrer ao Planalto

Lula: "Não pensem que sou contra a Lava Jato. Prender ladrão é uma necessidade nesse País" (Leonardo Benassatto/Reuters)

Lula: "Não pensem que sou contra a Lava Jato. Prender ladrão é uma necessidade nesse País" (Leonardo Benassatto/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 7 de dezembro de 2017 às 16h43.

Última atualização em 7 de dezembro de 2017 às 16h45.

Rio - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reafirmou nesta quinta-feira, 7, em ato em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, que não é contra a Operação Lava Jato - da qual é réu -, mas sim crítico das delações premiadas.

"Não pensem que sou contra a Lava Jato. Prender ladrão é uma necessidade nesse País. Eles prenderam alguns e soltaram alguns. Todo cara que faz delação é porque roubou. Faz para devolver ao Ministério Público apenas uma pequena parcela do roubo e viver rindo às custas do que roubou", disse, referindo-se a ex-executivos da Transpetro e da Petrobras.

"Vamos ver como estão vivendo o Sérgio Machado, o Paulo Roberto Costa?"

Ele disse também que armar a população e reforçar o poderio bélico das polícias não vão reduzir a violência - alusão indireta ao deputado Jair Bolsonaro (PSC), virtual candidato à Presidência da República em 2018 que aparece em segundo lugar nas pesquisas de opinião.

"A solução desse País não é arma, é trabalho, salário, educação. Se um menino de 17 ou 18 anos tiver escola e trabalho e puder comprar um celular, um tênis, uma camiseta da hora, ele não vai roubar", pontuou, em discurso de 25 minutos para centenas de pessoas.

Lula disse que não é candidato oficialmente, mas afirmou que vai ganhar se concorrer ao Planalto. "Eu não precisava fazer o que estou fazendo. Tenho consciência dos mandatos que fiz", declarou. "Se eles não têm competência para consertar esse país, eu tenho".

Ao falar do Rio de Janeiro, que vive crise fiscal, com atraso salariais de servidores, há dois anos, desafiou: "Só existe uma possibilidade para o Rio, é ter um presidente comprometido com o Rio. É por essas razões que resolvi voltar."

O palanque de Lula foi montado na Praça do Relógio, no centro na cidade, uma área de comércio popular. A praça começou a encher por volta das 11 horas e Lula falou ao público a partir das 14h40, duas horas depois do horário inicialmente anunciado.

O aposentado Francisco Caetano, de 66 anos, esperou mais de três horas sob mormaço forte. "Como não vou esperar pelo único presidente que governou para os pobres? Por que a Lavo Jato quer prender o Lula e o (presidente Michel) Temer fica solto?", disse. O músico Alex Tavares, de 33 anos, acha que o povo irá para as ruas numa eventual ordem de prisão. "Lula protegeu o povo, o povo protege Lula", justificou.

Antes de Lula chegar, algumas pessoas passaram pela área junto ao palco e gritaram "safado", "ladrão" e "corrupto", mas eram minoria. Quando acontecia, o locutor dizia que os apoiadores não aceitariam provocações e pedia respeito aos opositores.

O ex-presidente está em caravana pelo Espírito Santo e o Rio desde segunda-feira. Conclui a viagem na sexta-feira, na capital do Estado. Ele fez outras caravanas em 2017, no Nordeste e em Minas Gerais.

O processo a que Lula responde no caso do triplex no Guarujá (SP) está no Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4) e o julgamento deverá sair antes do início da campanha presidencial, possivelmente ainda no primeiro semestre de 2018. Se o TRF-4 confirmar a decisão da primeira instância, ele será barrado pela Lei da Ficha Limpa - ficará inelegível por sete anos.

Líder de todas as pesquisas de intenção de voto para presidente, Lula foi condenado em julho pelo juiz federal Sérgio Moro a nove anos e seis meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro.

O juiz entendeu que ele recebeu o triplex como propina da construtora OAS em troca de contratos da empresa com a Petrobras.

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