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Lula adia indicação de Messias em meio a pressão do Senado por Pacheco

Aliados consideram improvável que Lula recue da escolha por Messias, mas placar apertado da aprovação de Gonet desperta preocupação no Palácio do Planalto

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ao lado de Jorge Messias. Ortigueira - PR

Foto: Ricardo Stuckert / PR (Ricardo Stuckert / PR/Flickr)

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ao lado de Jorge Messias. Ortigueira - PR 
Foto: Ricardo Stuckert / PR (Ricardo Stuckert / PR/Flickr)

Publicado em 13 de novembro de 2025 às 06h00.

Última atualização em 13 de novembro de 2025 às 06h16.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) adiou a indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, para a vaga no Supremo Tribunal Federal (STF) após o Senado ampliar a pressão em favor do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

O chefe do Executivo já afirmou a interlocutores que pretende escolher seu ministro para o assento no órgão mais importante do Poder Judiciário, mas decidiu esperar a oficialização para, antes, avançar nas negociações de bastidores e garantir a aprovação de Messias pelos senadores para substituir Luís Roberto Barroso na corte.

A aprovação da recondução do procurador-geral da República, Paulo Gonet, nesta quarta-feira, 12, era um dos momentos aguardados pelo petista antes de concretizar a escolha. A votação era vista como um termômetro importante para medir a adesão dos senadores às indicações do governo para o sistema de Justiça e apontou um clima hostil.

Em 2023, Gonet foi aprovado com 65 votos favoráveis e 11 contrários e, desta vez, teve 20 votos a menos – o placar acabou em 45 e 26. O comportamento do plenário foi similar ao da aprovação de Flávio Dino para o Supremo, quando o resultado foi de 47 a 31 a favor da indicação.

A Constituição exige maioria absoluta para aprovação, ou seja, 41 dos 81 votos. A base do governo calcula que conseguiria aprovar Messias caso seja mantida a decisão de Lula. Há o temor, no entanto, que, além do acirramento político no Senado, que passou a ter placares mais apertados nesse tipo de votação recentemente, pese contra o advogado-geral da União o fato de seu concorrente direto ser um ex-presidente da Casa com trânsito nos diferentes espectros políticos.

Assim, o Executivo tenta evitar que um movimento da base fiel do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) contra Messias tenha a ajuda de outros atores e ganhe força com derrota de Pacheco nas articulações para que fosse indicado ao STF.

Pessoas próximas a Lula afirmam sob reserva à Exame que este é o cálculo que tem sido avaliado pelo presidente e assessores nas conversas sobre o tema. Não foi à toa que o presidente recuou da decisão informada a pessoas próximas de que indicaria Messias ainda em outubro, antes da viagem oficial que fez para a Malásia.

"Lula está convicto"

Na época, o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), chegou a afirmar em entrevista que Lula estava “convicto” da indicação do advogado-geral da União. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), porém, ampliou a pressão por Pacheco e a indicação não ocorreu.

Aliados do presidente acham improvável que ele recue da decisão. Messias já foi assessor da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e de Wagner e é um homem de confiança do PT. Após ter sido preso pela Lava Jato, o petista tem priorizado pessoas próximas na escolha para o STF e a relação dele com Pacheco não. Além disso, Messias é evangélico, o que daria o discurso eleitoral em direção a uma fatia do eleitorado que costuma votar majoritariamente em Bolsonaro e seus aliados.

O plano de Lula é convencer Pacheco a ser o candidato da base do governo na corrida pelo Executivo de Minas Gerais. Além disso, deverá usar o fato de que, caso se reeleja, poderá escolher mais três ministros do STF, o que manteria aceso o sonho de Pacheco de ocupar uma vaga na corte.

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