Brasil

Lula acena com parcerias entre Mercosul e China, cortejada pelo Uruguai

Cúpula do bloco sul-americano, acontece nesta terça-feira em Puerto Iguazú

Lula: presidente afirmou que vai trabalhar pessoalmente junto ao Congresso brasileiro para aprovar a entrada plena da Bolívia no Mercosul. (Ricardo Stuckert/PR/Flickr)

Lula: presidente afirmou que vai trabalhar pessoalmente junto ao Congresso brasileiro para aprovar a entrada plena da Bolívia no Mercosul. (Ricardo Stuckert/PR/Flickr)

Estadão Conteúdo
Estadão Conteúdo

Agência de notícias

Publicado em 4 de julho de 2023 às 12h40.

Última atualização em 4 de julho de 2023 às 13h33.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reagiu à ofensiva da China para fechar um tratado de livre comércio com o Uruguai de forma unilateral, o que poderia prejudicar o Mercosul. Em discurso na cúpula do bloco sul-americano, que acontece nesta terça-feira em Puerto Iguazú, o petista acenou com parcerias em conjunto do Mercosul com o país asiático.

"Vamos revisar e avançar nos acordos em negociação com Canadá, Coreia do Sul e Cingapura. Vamos explorar novas frentes de negociação com parceiros como a China, a Indonésia, o Vietnã e com países da América Central e Caribe", prometeu Lula, que assume hoje a presidência pro tempore do Mercosul.

Lula saiu em defesa de políticas que "contemplem uma integração regional profunda", baseada em "trabalho qualificado" e "produção de ciência, tecnologia e inovação". "Isso requer mais integração, a articulação de processos produtivos e na interconexão energética, viária e de comunicações", declarou o presidente do Brasil. "A proliferação de barreiras unilaterais ao comércio perpetua desigualdades e prejudicam os países em desenvolvimento."

No discurso, o petista disse ser preciso combater "o ressurgimento do protecionismo no mundo", com o resgate do protagonismo do Mercosul na Organização Mundial do Comércio (OMC). Lula defende uma reforma da OMC e da governança global como um todo.

Bolívia

O presidente Lula afirmou que vai trabalhar pessoalmente junto ao Congresso brasileiro para aprovar a entrada plena da Bolívia no Mercosul. O país sul-americano aguarda aval dos parlamentares para entrar no bloco.

"A nossa integração vai bem além do que um projeto estritamente comercial. O Mercosul não pode estar limitado à barganha do 'quanto eu te vendo e quanto você vende pra mim'", argumentou o presidente na cúpula do bloco sul-americano.

Lula defendeu a recuperação de "uma agenda cidadã e inclusiva" que gere benefícios tangíveis para todos os países. "Nossa integração deve ser solidária e despertar o sentimento de pertencimento", disse o presidente.

No discurso, Lula defendeu que só a unidade do Mercosul e da América Latina vai permitir a retomada do crescimento sólido, em uma opção regional de "cooperação e solidariedade".

"Frente à crise climática, é preciso atuar coordenadamente na proteção de nossos biomas e na transição ecológica justa. Diante das guerras que trazem destruição, sofrimento e empobrecimento, cumpre falar da paz", declarou Lula, em referência à sua posição na guerra da Ucrânia embora sem citar diretamente o conflito com a Rússia.

Moeda comum

Lula voltou a defender a criação de uma moeda comum entre os países do bloco para reduzir custos na transação e promover uma "convergência" macroeconômica.

Na segunda-feira, 3, a secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Tatiana Rosito, destacou após reunião em Puerto Iguazú que o Brasil, na presidência pro tempore do Mercosul a partir desta terça-feira, 4, terá como prioridade justamente a "convergência macroeconômica em moeda comum no bloco".

"A adoção de uma moeda comum para realizar operações de compensação entre nossos países contribuirá para reduzir custos e facilitar ainda mais a convergência. Falo de uma moeda de referência específica para o comércio regional, que não eliminará as respectivas moedas nacionais", disse o presidente em discurso nesta terça-feira na Cúpula do Mercosul.

Lula destacou que o Mercosul está aquém de seu potencial de comércio e reiterou a disposição do Brasil na presidência pro tempore em incluir os setores automotivo e o açucareiro na área de livre comércio.

"Temos uma agenda inacabada com dois setores ainda excluídos do livre comércio: o automotivo e o açucareiro. E buscaremos, também, concluir a oitava rodada de liberalização do comércio de serviços", afirmou Lula.

Acompanhe tudo sobre:MercosulLuiz Inácio Lula da Silva

Mais de Brasil

Após cinco anos, Brasil recupera certificado de eliminação do sarampo

Bastidor: queda na popularidade pressiona Lula por reforma ministerial e “cavalo de pau do governo”

Governo Lula é bom ou ótimo para 35,5% e ruim ou péssimo para 30,8%, diz pesquisa CNT/MDA

Rio de Janeiro terá 'megaferiado' de seis dias por causa da Cúpula do G20