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Loja de chocolates de Flávio fraudava notas fiscais, diz empresário

Franquia vendia chocolates abaixo do preço registrado, indício de lavagem

Fiscal da matriz constatou que os valores cheios eram registrados nas notas fiscais (Wilson Dias/Agência Brasil)

Fiscal da matriz constatou que os valores cheios eram registrados nas notas fiscais (Wilson Dias/Agência Brasil)

AO

Agência O Globo

Publicado em 14 de agosto de 2020 às 06h38.

Em depoimento ao Ministério Público do Rio (MP-RJ), o empresário que vendeu a franquia da loja de chocolates Kopenhagen ao senador Flávio Bolsonaro (Republicanos) afirmou que a unidade, em um shopping na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, fraudava notas fiscais e vendia itens por preços inferiores aos registrados oficialmente. As informações foram reveladas pelo Jornal Nacional, da TV Globo.

Segundo Cristiano Corrêa Souza e Silva, no Natal de 2016, a loja de Flávio estava vendendo produtos por preços abaixo da tabela da Kopenhagen — os clientes conseguiam comprar, por exemplo, panetones por R$ 80, quando o preço era R$ 100. O empresário também é dono de uma franquia, em outro shopping da Barra da Tijuca.

Ao tomar conhecimento do caso, ele fez a denúncia para a matriz, que enviou uma consultora à loja do senador. No local, ela constatou que os valores cheios eram registrados nas notas fiscais e filmou a prática com o próprio celular. A matriz confirmou à TV Globo que a prática irregular foi constatada na ocasião. Segundo a rede, o caso gerou uma advertência e uma multa, já que a venda abaixo da tabela contrariava cláusulas do contrato.

O Ministério Público suspeita que a loja era usada por Flávio para lavar o dinheiro que, segundo a investigação, Flávio arrecadava por meio do esquema de “rachadinha” no antigo gabinete parlamentar na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).

Em um dos documentos da investigação, o MP-RJ registrou que a loja chegou a faturar mais em períodos fora da Páscoa, o que não é usual em firmas do ramo. A alta movimentação de valores em espécie também chamou a atenção.

Também de acordo com o depoimento do empresário, o sócio de Flávio na loja, Alexandre Santini, fez ameaças por WhatsApp contra ele e a mulher depois que a denúncia foi feita. O casal chegou a registrar um boletim de ocorrência, mas não levou o caso adiante.

Ocorrência registrada

Aos promotores, ele afirmou que recebeu ameaças por e-mail depois que a denúncia chegou ao grupo de WhatsApp que reúne os franqueados. Em outro momento, no dia 23 de dezembro de 2016, ainda segundo Cristiano Corrêa Souza e Silva, Santini enviou uma mensagem pelo aplicativo para sua mulher com uma imagem que mostra pessoas sendo enforcadas, em outro gesto de ameaça.

No depoimento, o empresário disse que ele e a mulher se sentiram intimidados e registraram uma ocorrência on-line na Polícia Civil. Ele disse, no entanto, que decidiu não levar o caso adiante por ter ficado com medo.

O Jornal Nacional procurou Santini, mas ele não quis se manifestar sobre o episódio. Também à TV Globo, a defesa de Flávio afirmou que os promotores costumam “atacar a imagem pública” do senador e defendeu que a Procuradoria-Geral de Justiça instaure procedimento para “apurar a conduta de violação de sigilo profissional, já que o inquérito da “rachadinha” é sigiloso.

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