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Loja de chocolate de Flávio foi alvo de operação envolvendo Queiroz

Promotores visitaram a loja da franquia Kopenhagen do qual ele sócio, desde 2015, em um shopping na Barra da Tijuca, em investigação sobre "rachadinha"

Flávio Bolsonaro: além de Flávio, filho do presidente Jair Bolsoanaro, também foram alvo outras 23 pessoas ligadas à investigação (Moreira Mariz/Agência Senado)

Flávio Bolsonaro: além de Flávio, filho do presidente Jair Bolsoanaro, também foram alvo outras 23 pessoas ligadas à investigação (Moreira Mariz/Agência Senado)

AO

Agência O Globo

Publicado em 18 de dezembro de 2019 às 13h53.

Última atualização em 18 de dezembro de 2019 às 13h56.

Brasília e Rio — O senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ) também foi alvo de buscas e apreensão da operação realizada pelo Ministério Público nesta quarta-feira (18), que apura lavagem de dinheiro e peculato (desvio de dinheiro público) no âmbito do antigo gabinete do senador, quando ele ainda era deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio.

O endereço visitado pelo MP foi a loja da franquia Kopenhagen do qual ele sócio, desde 2015, em um shopping na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio.

Além de Flávio, filho do presidente Jair Bolsonaro, também foram alvo outras 23 pessoas ligadas à investigação. As medidas cautelares desta quarta-feira atingem sobretudo ex-assessores que também tiveram sigilo fiscal e bancário quebrado pelo Tribunal de Justiça do Rio em abril.

Ao todo, na ocasião, 96 pessoas e empresas foram alvo da decisão da 27ª Vara Criminal do Rio, cujo titular é o juiz Flávio Itabaiana de Oliveira Nicolau.

O MP confirmou, em nota, que "foram cumpridos hoje (18/12) 24 mandados de busca e apreensão" no âmbito da investigação que apura movimentações suspeitas envolvendo Fabrício Queiroz. Por conta do sigilo das investigações, o MP não forneceu mais informações.

Alvos

Além de Flávio, estão entre os investigados de hoje o ex-chefe de segurança do gabinete Fabrício Queiroz e parentes de Ana Cristina Siqueira Valle, ex-mulher de Bolsonaro. 

Ana Cristina, com quem Bolsonaro viveu em união estável por dez anos, entre 1998 e 2008, foi a ponte para que a família Siqueira Valle começasse a integrar a extensa lista de funcionários do clã Bolsonaro, há cerca de 20 anos.

Entre 1998 e 2007, surgiram nas listas de funcionários do gabinete de Bolsonaro os nomes de integrantes da família Siqueira Valle. O primeiro foi o pai de Ana Cristina, José Cândido Procópio Valle, nomeado em 1998.

Em seguida, foi a vez de uma prima, Juliana Siqueira Vargas, então estudante e agora funcionária da Caixa Econômica Federal (CEF).

Dois anos depois, em outubro de 2002, foram nomeadas a mãe de Ana Cristina, Henriqueta Guimarães Siqueira Valle, e a irmã, Andrea Siqueira Valle.

Nenhuma das duas completou o ensino fundamental e ambas trabalharam boa parte da vida como donas de casa. Andrea é fisiculturista, vai à academia duas vezes por dia e também vive de bicos como manicure e faxineira.

Mais tarde, em 2006, foram nomeados o irmão André Luiz Procópio Siqueira Valle, que é músico, e o primo André Luiz de Siqueira Hudson, técnico em informática.

O vendedor aposentado José Cândido Procópio da Silva Valle, de 76 anos, é pai de Ana Cristina Valle e ex-sogro do presidente Jair Bolsonaro. Ele foi nomeado no gabinete de Flávio em 2003.

Lá, teve um salário bruto que chegou a R$ 6.322,28 em 2007. Ele foi exonerado um ano depois. Durante todo o período jamais teve crachá da Alerj.

Investigações retomadas

No fim de novembro, um julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou o compartilhamento irrestrito de dados sigilosos de órgãos de controle financeiro como a Unidade de Inteligência Financeira (UIF), antigo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), e a Receita Federal sem prévia autorização judicial.

Com a decisão, as investigações envolvendo Flávio e Queiroz, que estavam suspensas desde julho à espera desse julgamento, foram retomadas.

Em dezembro de 2018, um relatório do Coaf apontou uma movimentação atípica de R$ 1,2 milhões na conta do senador, quando ainda era deputado estadual. O documento aponta Queiroz como responsável pelas movimentações.

Para ter acesso às informações, o Coaf repassou ao Ministério Público dados bancários do então deputado, o que sua defesa identificou como “quebra de sigilo fiscal e bancário”. 

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