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Lobo solitário, Bolsonaro sonha com a glória

Em alta nas pesquisas, presidenciável começa a discutir sua candidatura com empresários, bancos e agentes do mercado financeiro

Bolsonaro: a violência verbal é uma de suas marcas e um modo de cativar sua audiência (Antonio Cruz/Agência Brasil/Agência Brasil)

Bolsonaro: a violência verbal é uma de suas marcas e um modo de cativar sua audiência (Antonio Cruz/Agência Brasil/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 24 de agosto de 2017 às 16h15.

Última atualização em 24 de agosto de 2017 às 16h18.

São Paulo - Jair Bolsonaro garante não estar preocupado se seu discurso radical vai espantar eventuais apoiadores e o dinheiro que eles normalmente trazem. Prefere a sua típica saída diante das questões incômodas: a verborragia, que o leva para longe – chega a uma espécie de “chamado divino” para salvar o país “dessa esculhambação”.

A voz um tom acima e o cenho franzido compõem o personagem durão e inflexível, ainda que nos bastidores a sua postura seja exatamente a oposta: o político já começou a abrir canais de interlocução com o andar de cima para tratar de seu projeto presidencial.

Nos últimos meses, com o crescimento progressivo de sua candidatura em diferentes sondagens para a Presidência (a depender do instituto, ele tem entre 15% e 20% dos votos, atrás apenas de Lula), aumentou também o assédio dos bancos, agências e fundos de investimentos, além de empresários e consultores.

Todos querem conhecer o pré-candidato de extrema direita que conquistou uma legião de admiradores com um discurso autoritário e abertamente preconceituoso, que no momento tem a preferência de um quinto do eleitorado nacional – algo em torno de 28 milhões de votos.

Bolsonaro começa a desbravar mundos que antes lhe eram completamente estranhos, caso da comunidade judaica e do agronegócio. E já recebe sinais de simpatia de parte da burocracia do Estado – os militares.

O político, segundo as pesquisas, tem cada vez mais apoio entre os eleitores mais escolarizados, jovens e ricos – uma mudança no seu público tradicional, formado predominantemente por policiais e militares.

O discurso direto, popularesco e nacionalista, em defesa da família e dos valores cristãos, encontra eco num eleitorado cada vez mais conservador e antipolítico, conforme mostraram as urnas nas eleições municipais do ano passado.

Outro fator que ajuda a explicar seu sucesso é a criminalidade, uma das principais preocupações do brasileiro, que Bolsonaro promete enfrentar com mais armas – 57% da população brasileira concorda com a frase “bandido bom é bandido morto”.

“Não vou fazer acordo com o diabo para me eleger”, completou o deputado. “Se é para fazer a mesma coisa, esquece.”

Para o político que trilhou sua carreira praticamente sozinho, sem a estrutura de um grande partido ou um aliado de peso, a consolidação de seu projeto presidencial o coloca em um outro patamar – ele já percebeu o quanto é conveniente para alguns dos setores que ascenderam ao poder após o impeachment de Dilma Rousseff.

Além do clima antipetista que ganhou o país, ele atribui a popularidade à defesa de suas bandeiras, que são as mesmas desde que ele chegou à Câmara dos Deputados, no início dos anos 1990.

O presidenciável não abre os nomes dos novos interlocutores – “não quero queimá-los, é uma relação de confiança” –, assim como os empresários que se encontraram recentemente com o político resistem a falar a respeito. A grande maioria do empresariado o considera um aventureiro, mas há quem o defenda.

“Sei que tem gente usando o meu nome para pedir dinheiro, inclusive gravei um vídeo dizendo para não doar. Um empresário recentemente ofereceu, mas eu recusei. Oferecem de boa-fé, mas nunca aceitei, nem vou aceitar.”

Um dos seus encontros recentes foi com economistas do banco BTG-Pactual. Consultores de fundos nacionais e internacionais que acompanham o dia a dia do Congresso também já fizeram acenos para abrir uma interlocução com o político, caso, por exemplo, do Opportunity, do banqueiro Daniel Dantas.

Ao tratar de economia, Bolsonaro foge da usual arrogância: admite não saber muito e diz que está aberto para aprender. A incógnita sobre o modelo econômico que defende – e o fato de ter um expressivo apoio a menos de um ano das eleições – é exatamente o que inquieta mercados e investidores.

A XP Investimentos, uma das gigantes do setor de assessoria de investimentos, elaborou neste mês uma pesquisa sobre as eleições de 2018 com uma simulação do cenário (para onde iriam a bolsa e o dólar) com a vitória de um dos nomes já colocados na disputa – Doria, Lula, Alckmin, além do próprio Bolsonaro.

O cenário de maior incerteza é em relação ao ex-capitão do Exército – a maioria dos investidores e analistas acredita que, caso ele seja eleito, o Ibovespa cairia drasticamente, assim como apostam numa desvalorização expressiva do real em relação ao dólar.

Em Brasília, sua rotina também mudou. Visto como excêntrico pelos pares, ele agora não fica mais sozinho pelos corredores do Congresso, como era comum no passado. Agora chega a fazer discursos relâmpagos para curiosos que se aproximam, como aconteceu na segunda semana de agosto no Salão Verde da Câmara, ao falar para cerca de 30 adolescentes que visitavam o Congresso com a escola.

Bolsonaro está sempre rodeado de celulares, o que alimenta ainda mais suas aparições nas redes sociais, onde é líder absoluto de audiência entre os presidenciáveis.

Seu pequeno gabinete (a maioria de seus funcionários e assessores é ex-militar) também ficou concorrido. Formam-se filas para que simpatizantes façam fotos ou vídeos ao lado do deputado – ele até pintou na entrada do gabinete uma bandeira nacional com seu nome para servir de fundo para as imagens e vídeos que logo vão inundar suas redes de apoio.

O perfil dos visitantes é variado: há policiais, estudantes brancos e ricos, negros, nortistas e remediados de diferentes tipos.

Nos vídeos, termina quase sempre com o bordão “tamo junto”, simulando uma arma com as mãos, com o indicador e o polegar estendidos.

Perguntei se o gesto e o “tamo junto” era uma estratégia para se contrapor ao “Acelera” de João Doria, que desponta como um eventual rival no ano que vem – os dois têm a preferência do mesmo eleitorado rico e escolarizado.

“Sabe para que servem esses dois dedos?”, perguntou, fazendo com a mão o sinal popularizado pelo prefeito de São Paulo. “Para no ano que vem enfiar no rabo do Doria.”

Imagem é tudo

A violência verbal é uma de suas marcas e um modo de cativar sua audiência. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) manteve neste mês a decisão que o condenou a pagar uma indenização de R$ 10 mil por danos morais à colega Maria do Rosário, do PT. Em 2014, após uma discussão, Bolsonaro disse que não a estupraria porque ela “não merece”.

Casos assim se avolumam em sua carreira parlamentar: já disse em pronunciamentos e entrevistas que é “preconceituoso com muito orgulho”, que “seria incapaz de amar um filho homossexual”, que a “mulher deve ganhar um salário menor porque engravida”, que a “ditadura deveria ter matado uns 30 mil, a começar por Fernando Henrique Cardoso”, e que, como capitão do Exército, sua “especialidade é matar”.

Há cerca de um ano, Jair Bolsonaro sentou-se com Olga Curado, consultora de imagem e comunicação, para um “treinamento” – ele disse que não soube quanto a consultoria custou, sabe apenas “que não foi pouco”.

As sessões com a especialista foram custeadas pelo PSC, partido no qual se filiou no ano passado e de onde já está de saída; após desentendimentos com Pastor Everaldo, o presidente, ele fez um pré-acordo com outro nanico, o PEN, partido que deverá trocar o nome para Patriotas para lançá-lo à Presidência.

“Aprendi muita coisa com a Olga. Quando entrei na sua sala, ela me olhou e eu disse: ‘Quero saber da sua capacidade de transformar um tijolo num diamante’”, afirmou. À época, em entrevista, Olga Curado disse que estava ensinando Bolsonaro a “olhar para si”.

O fato é que o presidenciável tem se preocupado bastante com a sua imagem – especialmente ao que pode contradizer o seu discurso anticorrupção. Acumulando a aposentadoria do Exército e o salário de deputado, ele supera em muito o teto constitucional de R$ 33 mil – valor de um salário de deputado, que no caso dele deve ser somado ao soldo de um capitão aposentado, R$ 10 mil em média.

Ele afirma ter solicitado recentemente ao Exército a revisão de seu vencimento para não violar a regra, mas a Força informou em nota que, “até o presente momento”, não recebeu nenhum pedido dele a respeito. 

Como um candidato que se diz tão moralista justifica o salário acima do teto? Com irritação e agressividade, como ele geralmente reage nessas ocasiões: “Cara, faz a pergunta! Você veio aqui apenas para pinçar isso?”. (Uma outra característica que divide com Donald Trump, a quem Bolsonaro afirma admirar, é a crítica à imprensa e jornalistas, embora seu discurso esteja recheado de mentiras e notícias calculadamente distorcidas, tal qual o presidente americano.)

Do Exército, onde esteve ativo por 15 anos e cuja relação era marcada pela desconfiança, hoje ele recebe sinais de simpatia. Um dos 17 generais que integram o Alto-Comando do Exército já elogiou publicamente Bolsonaro em rodas sociais de Brasília. Para um oficial da reserva, sua aproximação com as Forças Armadas tem uma explicação estritamente política: conveniência.

Agendas convergentes colocam Bolsonaro e o comandante do Exército, Villas Boas, no mesmo lado – seja na valorização da carreira militar, no rearmamento das Forças Armadas ou em alterações legislativas de interesse dos quartéis.

Ambos defendem mudanças na lei para que homicídios cometidos por membros das Forças Armadas em missões de segurança pública – como a que ocorre atualmente no Rio de Janeiro – sejam assunto para a Justiça Militar, e não a comum, como determina a legislação em vigor. Os dois falam em “segurança jurídica”.

Há também convergência, por exemplo, no lobby para permitir o direito de porte de arma de fogo para colecionadores, caçadores e atiradores, tema em discussão no Congresso. Villas Boas e Bolsonaro tiveram relação estreita na Câmara dos Deputados entre 2001 e 2003, período em que o comandante do Exército respondia pela assessoria parlamentar da Força.

Elefante entre cristais

Uma das aproximações recentes do político foi com a comunidade judaica. No ano passado, enquanto o Senado dava os últimos passos para aprovar o impeachment de Dilma Rousseff, Bolsonaro estava em Jerusalém para ser batizado no rio Jordão.

A cerimônia foi comandada pelo Pastor Everaldo, presidente do PSC. Desde então, sua relação com os judeus se estreitou ainda mais – o que acabou levando a um racha na comunidade do Rio de Janeiro, onde ele tem alguns apoiadores.

Tudo começou com a indicação de seu nome – feito por um associado da Hebraica de São Paulo, entidade que não tem nenhuma ligação com a do Rio – para uma palestra na capital paulista. A reação contra, por causa do discurso de extrema direita e às vezes xenófobo do deputado, levou ao cancelamento da palestra. Em resposta, seus apoiadores marcaram o evento para a Hebraica do Rio.

Realizada em abril, a palestra foi precedida por uma manifestação que juntou os descontentes na comunidade judaica e integrantes de movimentos sociais – na apresentação, disponível na internet, Bolsonaro promete acabar com as terras indígenas e quilombolas caso seja eleito e afirmou que o Brasil não pode abrir as portas para todo mundo, referindo-se aos imigrantes.

“Ele faz acenos à extrema direita judaica para simular apreciação a Israel, mas seu interesse parece ser a indústria bélica israelense, que é forte e tem grana”, afirma Sérgio Storch, fundador da rede Judeus Brasileiros Progressistas (Juprog) e um dos críticos da palestra de Bolsonaro na Hebraica.

Uma dessas empresas é a Elbit, sediada em Haifa, que está presente no Brasil por meio de uma subsidiária, a AEL Sistemas, que é a principal fornecedora de equipamentos eletrônicos avançados embarcados de praticamente todos os programas militares em curso no Brasil.

José Roitberg, jornalista e pesquisador que fez parte da direção da Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro (Fierj), é um dos apoiadores de Bolsonaro na comunidade judaica do Rio. Ele atribui a “gritaria mal educada” contra o deputado aos judeus “socialistas e comunistas”.

“Existe, sim, apoio às ideias políticas de Jair Bolsonaro dentro da comunidade judaica do Rio. Podemos afirmar que aquela taxa de 20% da população brasileira apoiando a esquerda se reflete igualmente na comunidade judaica brasileira. Assim, restam uns 80% da comunidade com boas chances de apoiar Bolsonaro”, afirmou.

Na viagem a Israel, Bolsonaro foi acompanhado do filho, o também deputado federal Eduardo Bolsonaro, que na volta fez questão de colocar a bandeira do país no gabinete – vizinho ao do pai e repleto de adesivos e fotos de campanhas pró-armamento.

Jair Bolsonaro garante ter voltado com a promessa de apoio do governo israelense caso seja eleito presidente no ano que vem: “Sempre admirei o povo judeu, o país é uma ilha de democracia no meio da tanta ditadura. E é um povo que quer se aproximar de nós”, disse.

“Ambicioso, indisciplinado e desleal”

Deputado federal há mais 25 anos, Bolsonaro é dono de uma das carreiras mais apagadas do Congresso – “como a maioria aqui”, responde. Em 2014, ao ser reeleito pela sexta vez, foi o deputado mais votado do Estado do Rio de Janeiro com uma campanha barata para os padrões nacionais, de acordo com o declarado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) – pouco mais de R$ 400 mil.

Em todo esse período no Congresso, ele aprovou apenas um projeto de lei de sua autoria, o que ele atribui à perseguição dos “esquerdopatas”, em especial PT, PSOL e PCdoB, seus alvos preferidos.

(O PT considera Bolsonaro o adversário ideal em 2018: “É o melhor nome para a gente bater com o Lula”, disse o deputado federal José Guimarães; Bolsonaro, por sua vez, atribui seu sucesso nacional à derrocada do partido e à onda antipetista que se disseminou pelo país.)

Sua carreira militar também não tem nada de glorioso: envolvido em atos de indisciplina e planos de ataques com bombas em unidades militares, foi colocado sob suspeição e respondeu a investigações internas, indo para a reserva prematuramente como capitão em 1988, mesmo ano que entrou para a política ao se eleger vereador no Rio de Janeiro.

Nascido em Campinas (SP) em 1955, quase foi batizado como Messias, que se tornaria seu segundo nome – era uma exigência da mãe, católica, mas prevaleceu na decisão a paixão do pai pelo Palmeiras, time que herdou.

Acabou recebendo o nome de Jair em homenagem a Jair Rosa Pinto (1921-2005), meia que vestiu a camisa do Palestra paulista entre 1949 e 1955. Dos sete filhos, apenas ele e outro irmão seguiram a carreira militar.

O ingresso no Exército ocorreu em 1973, aos 18 anos. Em 1977, formou-se na Academia Militar das Agulhas Negras, curso preparatório para os futuros oficiais. Afirma ter sido o 18º numa turma de 69 alunos.

Na década seguinte, começaram os problemas no Exército que resultaram em prisões administrativas e sanções disciplinares. Os autos do processo que enfrentou no Superior Tribunal Militar (STM) dão alguns exemplos. Em 1983, quando era tenente, envolveu-se com garimpo de ouro: segundo documento do Exército, deu demonstrações de “imaturidade” e de “excessiva ambição em realizar-se financeira e economicamente”.

Alguns anos depois, foi acusado de “indisciplina” e “deslealdade” por ter escrito na revista Veja um artigo sem autorização superior com um pedido de aumento salarial e por planejar com outro oficial um plano para explodir bombas em unidades militares do Rio.

Alvo de investigação em 1987, o Exército até colocou seu serviço de inteligência (o extinto CIE) para levantar a vida do militar e até mesmo seus hábitos com a primeira mulher, Rogéria, com quem teve seus três primeiros filhos – Zero Um, Zero Dois e Zero Três, como os chama; aos 62 anos, Bolsonaro está no terceiro casamento e tem cinco filhos.

O processo contra Bolsonaro foi arquivado sem nenhuma punição a ele, mas em 1988 a Força o excluiu do serviço ativo do Exército, “passando a integrar a reserva remunerada”.

Sobre a “excessiva ambição em realizar-se financeira e economicamente”, citada por seus superiores do Exército no processo que respondeu, ela veio a se concretizar anos mais tarde, na política.

Na declaração de bens entregue à Justiça Eleitoral, em 2014, ele declarou um patrimônio de R$ 2.074.692,43, o que inclui um apartamento em Brasília, três imóveis no Rio de Janeiro (duas casas na Barra da Tijuca e uma outra em Bento Ribeiro), aplicações financeiras, carros, um barco (ele já pediu ao Ministério Público para pescar em área proibida) e uma casa em Mambucaba, distrito de Angra dos Reis, no litoral do Rio, com praia de águas cristalinas.  

“Há algum crime em ser ambicioso? Meu pai garimpou por muito tempo, é uma coisa que você começa e não larga mais. É como você ver um rio bonito e querer pescar, é a mesma coisa com garimpo. Eu tenho bateia no meu carro. Se vou a algum lugar com rio, já vou logo perguntando se posso dar uma faiscada. Eu tenho sim ambição”, disse.

Ele já deu diferentes mostras dessa ambição. Em 1996, elegeu sua primeira mulher vereadora no Rio de Janeiro. O casal, contudo, iria se separar logo em seguida – o que gerou ruído e muitos comentários maldosos por causa da reação de Bolsonaro. Em 2000, ele escalou seu filho mais velho (Carlos, o Zero Um) para disputar e bater na urna a própria mãe, Rogéria, que, sem o apoio do ex-marido, nunca mais seria eleita para nada.

Depois de Zero Um (vereador no Rio desde então e que deve disputar o Senado no ano que vem), o ex-militar elegeu também Zero Dois (Flávio, deputado estadual no Rio) e Zero Três (Eduardo), que vão tentar se reeleger para os respectivos cargos na próxima eleição. Os filhos – que reproduzem os trejeitos e (pre)conceitos do pai – também vão se filiar ao PEN/Patriotas; os Bolsonaros esperam apenas o prazo eleitoral para trocar de legenda, em março, ou então uma reforma eleitoral que libere a mudança ainda neste ano. Estão preocupados com eventuais acusações de infidelidade partidária.

Com o objetivo de “endireitar” o país, o maior desafio do ex-militar será manter o patamar de intenção de votos até o ano que vem – o Brasil já viu inúmeros pré-candidatos aparecerem bem posicionados um ano antes do pleito e depois desfazerem-se como pó no início oficial da disputa.

Sua conturbada relação com o PSC (ligado à Assembleia de Deus, maior igreja evangélica do país) e críticas recentes do pastor Silas Malafaia (que declarou apoio a João Doria e criticou a máquina de fake news que embala o projeto de Bolsonaro) mostram que seu caminho não será tão fácil como sugerem as pesquisas. Sem falar no tempo de TV, que ainda pode ser decisivo nas eleições presidenciais: o nanico PEN, caso tenha candidato, terá alguns poucos segundos.

Ele promete continuar o mesmo outsider radical de sempre, fantasia que ajuda a manter o perfil antissistema valorizado por um eleitorado desiludido com o sistema político.

“Estou sozinho contra tudo e contra todos que estão aí”, afirma. “E todos estão se borrando de medo de mim.”

*Conteúdo publicado originalmente no site da Agência Pública.

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