Publicado em 18 de novembro de 2025 às 06h00.
Belém - A criação de um teto para a tarifa cobrada pelas concessionárias da energia elétrica produzida pela Usina Hidrelétrica de Itaipu pode tirar recursos da Itaipu Binacional.
"Terei que tirar do fluxo de caixa da Itaipu para garantir a modicidade tarifária no Brasil. Ao tirar esse recurso do fluxo vou reduzir investimentos, recursos de manutenção da usina, ou até de investimentos socioambientais", diz Enio Verri em entrevista exclusiva à EXAME em Belém, durante a COP30.
O Senado discute o projeto de lei 1.830/2025, do senador Esperidião Amin (PP-SC), que estabelece que o valor pago pelas concessionárias brasileiras que compram energia de Itaipu não pode ser superior a US$ 12 por quilowatt.
Essa limitação aplica-se apenas à energia destinada ao Brasil, adquirida junto à usina e revendida no país pela Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional (ENBPar). A limitação não abrange a parcela de energia que cabe ao Paraguai.
Os parlamentares defendem a medida para baratear a energia no país.
Verri afirma que por mais que o projeto trate apenas da tarifa no Brasil, como a empresa é binacional, os valores são discutidos em consenso com o Paraguai.
"Olhando a lógica brasileira, reduzir a tarifa é fantástico. Eu também quero para minha casa. Agora, tenho que conversar com o Paraguai e respeitá-lo como sócio", diz.
Enio Verri: presidente defende uma solução conversada para tarifa da Itaipu (Leandro Fonseca /Exame)
O presidente explica ainda que o tratado entre os países determina que a energia que o país vizinho não consome é vendida para a Itaipu brasileira. O Paraguai só consome 15% e vende os outros 35% para o Brasil.
"O Paraguai quer a tarifa mais alta possível. Nós queremos a mais baixa é possível. Tem que ser um acordo", afirma.
Verri diz que conversa com o Congresso, principalmente com o autor da proposta, para sensibilizar da complexidade de uma possível mudança na lógica da tarifa.