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Líderes dizem a Bolsonaro que BPC e aposentadoria rural travam reforma

"Há um sentimento geral que do jeito que está não vinga", disse o líder do PPS, Daniel Coelho (PE)

Câmara dos Deputados, em Brasília (Adriano Machado/Reuters)

Câmara dos Deputados, em Brasília (Adriano Machado/Reuters)

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Reuters

Publicado em 27 de fevereiro de 2019 às 08h37.

Brasília - Em sua primeira reunião com líderes da Câmara, o presidente Jair Bolsonaro ouviu dos deputados que o governo precisa desde já indicar que aceita mudar os artigos da reforma da Previdência que tratam do Benefício de Prestação Continuada (BPC) e das aposentadorias rurais ou a proposta terá dificuldades de andar no Congresso.

Desde a apresentação, na semana passada, parlamentares avaliaram como complicadas as propostas nessas duas áreas. Uma liderança chegou a dizer à Reuters que essas medidas alienavam boa parte da bancada da região Nordeste.

"Já está claro que o BPC não passa. Parte rural inteira também. Há um sentimento geral que do jeito que está não vinga", disse o líder do PPS, Daniel Coelho (PE). "Esperamos que isso seja tratado logo para que possamos avançar em outras questões."

Bolsonaro recebeu pela primeira vez, nesta terça, 19 líderes de partidos que se consideram independentes, mas que têm mais simpatia pelo governo e também pela proposta de reforma da Previdência. Estavam ainda no encontro o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), além da deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), apontada neste encontro como líder do governo no Congresso.

De acordo com os parlamentares presentes, Bolsonaro mais ouviu do que falou. Mas sinalizou que o governo está aberto a modificações no projeto.

"A frase do presidente foi: 'a reforma boa não é a minha, não é a de vocês, é aquela que vai ser aprovada pelo Congresso'", contou Joice ao final da reunião.

A ala política do governo admite já a necessidade de alterar o projeto. No entanto, falta convencer a equipe econômica. Até agora, o ministro da Economia, Paulo Guedes, defende a aprovação integral das medidas, baseando-se no valor previsto de economia que o governo prevê com a reforma de mais de 1 trilhão de reais em 10 anos.

Guedes foi chamado para um almoço com Maia, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e Joice Hasselmann para começar a discutir os pontos já levantados pelos parlamentares e onde é possível ceder.

"Amanhã vamos ter essa conversa sobre vários temas da reforma", confirmou a líder do governo.

Outra cobrança ouvida pelo presidente foi de que a proposta de reforma dos militares seja encaminhada logo para o Congresso. Ao apresentar a reforma, o governo deixou de enviar o projeto de lei que altera a Previdência dos militares, o que incomodou os parlamentares, apesar de que isso seria feito por volta de 20 de março.

"Foi feita uma cobrança para que a proposta para os militares seja encaminhada o quanto antes", relatou o líder do PMN, Eduardo Braide (MA).

A cobrança no Congresso é que a reforma não vai andar enquanto a proposta que envolve os militares não chegar.

"Eles não sinalizaram nada, mas vai ter que vir. Se não enviarem, não tem tramitação, não vai rolar", disse o líder do PSC, Paulo Martins (PR). "Não tem a opção de não mandar. Vai ter que tramitar junto."

Comunicação

Outro pedido que foi feito a Bolsonaro é de que o presidente comece a participar da defesa da reforma da Previdência. Foi lembrado a ele que sua capacidade de mobilizar as redes sociais é considerada o ponto central da sua eleição, e que isso precisa ser usado em defesa da reforma.

De acordo com os parlamentares, Bolsonaro disse a eles que já fez uma reunião com sua equipe e que começará a usar suas redes sociais em defesa da reforma da Previdência.

De acordo com uma fonte, a intenção é que Carlos Bolsonaro, o filho do presidente que coordenou suas mídias sociais durante a campanha eleitoral, assuma essa função também agora em defesa da reforma. Nesta terça, Carlos usou as suas redes para defender a proposta.

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