Brasil

Lideranças do PP ameaçam eleger senador do PSB para CMO

As lideranças do PP acusam o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), de fazer chantagens e afirmam que o partido não abrirá mão da cadeira

Congresso: "Aécio fez alguns apelos para o PP desistir, mas o líder não vai aceitar já que o PP tem o direito" (Ueslei Marcelino/Reuters)

Congresso: "Aécio fez alguns apelos para o PP desistir, mas o líder não vai aceitar já que o PP tem o direito" (Ueslei Marcelino/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 6 de abril de 2017 às 21h36.

Brasília - Responsáveis pela indicação para a relatoria da Comissão Mista do Orçamento (CMO) lideranças do PP acusam o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), de fazer chantagens e afirmam que o partido não abrirá mão da cadeira. Ainda, ameaçam trabalhar para eleger senador do PSB para a presidência da comissão.

A briga ocorre porque a CMO é responsável, entre outros temas, por fazer a apreciação do chamado "ciclo orçamentário", constituído pelo Plano Plurianual (PPA), Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e Lei Orçamentária Anual (LOA). O relator é o responsável por elaborar o texto final das propostas.

Por ser uma comissão mista, que conta com a participação de senadores e deputados, em tese, a CMO deverá ter como presidente um indicado da maior bancada do Senado (o PMDB) e para a relatoria, da maior bancada da Câmara.

Atualmente, o grupo que conta com o maior número de deputados é a bancada integrada por PP, PTN, PHS, PtdoB. Em razão disso, a indicação para a relatoria deveria ficar com o líder da bancada, Arthur Lira (PP-AL), que integrou o grupo do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), atualmente preso.

Lira é também filho do senador Benedito de Lira (PP-AL), arquirrival de Renan no Estado de Alagoas.

Contrariado com a divisão das cadeiras na CMO e a favor de um nome do PSDB para a relatoria, Renan retirou hoje as indicações do partido, o que deverá travar as atividades no colegiado.

"Renan tem que deixar fazer chantagem. Vou para a tribuna na semana que vem para dizer o que ele está querendo", afirmou à reportagem o líder do PP na Câmara, Arthur Lira (AL).

Segundo ele, caso Renan não volte atrás na decisão, irá trabalhar para a indicação do senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) para a presidência da comissão.

"Se na terça-feira Renan não estiver com membros indicados, nós vamos eleger o senador Valadares", ressaltou Lira.

O presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), revelou que o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), procurou o partido várias vezes para tentar chegar a um acordo, em que os tucanos indicariam o relator agora e o PP no próximo ano.

"Aécio fez alguns apelos para o PP desistir, mas o líder não vai aceitar já que o PP tem o direito", afirmou Nogueira.

"A relatoria da CMO vai ser uma queda de braço. Me parece que é uma disputa regional entre o Renan e o Artur Lira", emendou.

Questionado sobre a possibilidade de se chegar a um acordo com Aécio Neves, o deputado Arthur Lira afirmou que nunca foi procurado pelo tucano.

"Ele nunca me deu nem oi. Não sei qual é essa vaidade do senador Aécio em querer passar por cima do regimento. Sempre achei que ele fosse um homem regimentalista. Se ele tem um acordo com Renan tem que se resolver na presidência da CMO", disparou o deputado.

Segundo peemedebistas ouvidos pelo reportagem, a iniciativa anunciada hoje de retirar as indicações da bancada para a CMO dará a Renan e Aécio mais tempo para articular uma alternativa tucana.

A estratégia também tenta fazer o Palácio do Planalto entrar na briga para chegar a uma solução, uma vez que a paralisia na comissão não é de interesse do governo.

Acompanhe tudo sobre:Câmara dos DeputadosOrçamento federalProgressistas (antigo PP)Renan CalheirosSenado

Mais de Brasil

Alíquota na reforma tributária dependerá do sucesso do split payment, diz diretor da Fazenda

Reforma tributária: governo faz 'terrorismo' para impedir novas exceções, diz senador Izalci Lucas

Linhas 8 e 9 começam a disponibilizar Wi-Fi gratuito em todas as estações; saiba como acessar

Bolsonaro indiciado pela PF: entenda o inquérito do golpe em cinco pontos