Brasil

Líder do PT entra com representação contra Flávio e Michelle Bolsonaro

Objetivo da representação é apurar se membros da família Bolsonaro receberam repasses de dinheiro ilícito

Michelle Bolsonaro: futura primeira-dama está na berlinda após matéria sobre movimentação milionária (Adriano Machado/Reuters)

Michelle Bolsonaro: futura primeira-dama está na berlinda após matéria sobre movimentação milionária (Adriano Machado/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 6 de dezembro de 2018 às 21h14.

Última atualização em 7 de dezembro de 2018 às 18h38.

Brasília - O líder do PT na Câmara, deputado Paulo Pimenta (RS), ingressou nesta quinta-feira, 6, com uma representação criminal na Procuradoria-Geral da República para pedir a instauração de procedimento para investigar se o filho do presidente eleito Jair Bolsonaro, o senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), e a futura primeira-dama, Michelle Bolsonaro, receberam repasses de dinheiro ilícito.

O pedido baseia-se na reportagem publicada nesta quinta pelo Estadão que mostra que um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontou movimentação atípica de 1,2 milhão de reais em uma conta no nome de um ex-assessor de Flávio entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017.

Fabrício José Carlos de Queiroz foi exonerado do gabinete de Flávio Bolsonaro no dia 15 de outubro deste ano. Registrado como assessor parlamentar, Queiroz é também policial militar e, além de motorista, atuava como segurança do deputado. A representação de Pimenta também pede a investigação dele.

O documento foi anexado pelo Ministério Público Federal à investigação que deu origem à Operação Furna da Onça, realizada no mês passado e que levou à prisão dez deputados estaduais da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

O Coaf informou que foi comunicado das movimentações de Queiroz pelo banco porque elas são "incompatíveis com o patrimônio, a atividade econômica ou ocupação profissional e a capacidade financeira" do ex-assessor parlamentar.

Uma das transações na conta de Queiroz citadas no relatório do Coaf é um cheque de 24 mil reais destinado à futura primeira-dama Michelle Bolsonaro. A compensação do cheque em favor da mulher do presidente eleito Jair Bolsonaro aparece na lista sobre valores pagos pelo PM.

Para Pimenta, o repasse feito a Michele indica, em tese, que recursos originários da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, onde Flávio é deputado estadual, estariam subsidiando despesas particulares da futura primeira-dama. O deputado argumenta ainda ser importante esclarecer se os recursos recebidos por Michele foram declarados ao fisco com o correspondente pagamento dos tributos devidos. Pimenta pede também que sejam instaurados procedimentos civis e administrativos para averiguar uma possível prática de improbidade administrativa.

"Na mesma seara, a investigação já em curso ou que será iniciada, poderá indicar, em tese, se os valores atipicamente movimentados, foram utilizados em campanhas eleitorais municipais ou quiçá no pleito eleitoral recém ultimado, o que estaria a indicar o uso de recursos não permitidos, configurando interferência econômica indevida no processo democrático", diz Pimenta na representação.

Acompanhe tudo sobre:Câmara dos DeputadosFlávio BolsonaroJair BolsonaroPGR - Procuradoria-Geral da RepúblicaPT – Partido dos Trabalhadores

Mais de Brasil

O que acontece agora após indiciamento de Bolsonaro e os outros 36 por tentativa de golpe de Estado?

Inmet prevê chuvas intensas em 12 estados e emite alerta amerelo para "perigo potencial" nesta sexta

'Tentativa de qualquer atentado contra Estado de Direito já é crime consumado', diz Gilmar Mendes

Entenda o que é indiciamento, como o feito contra Bolsonaro e aliados