Delegado Waldir: "Não sou contra a reforma dos militares, mas precisamos tratar as carreiras de forma igualitária" (Cleia Viana/Câmara dos Deputados/Agência Câmara)
Estadão Conteúdo
Publicado em 22 de abril de 2019 às 10h41.
Última atualização em 22 de abril de 2019 às 11h31.
São Paulo — O líder do PSL na Câmara dos Deputados, Delegado Waldir (GO), criticou a condução da articulação política do governo do presidente Jair Bolsonaro que, em tese, deveria ser costurada pelo titular da Casa Civil, ministro Onyx Lorenzoni. "O PSL tem feito sua parte, mas não tem culpa se o Onyx não criou a base (do governo no parlamento), venho falando há tempos que o governo não tem base no Congresso", disse o líder na manhã desta segunda-feira, 22, em entrevista à Rádio Eldorado.
Segundo Delegado Waldir, um dos maiores problemas no tocante à reforma previdenciária é a que trata da aposentadoria dos militares. "Não sou contra a reforma dos militares, mas precisamos tratar as carreiras de forma igualitária", emendou.
E voltou a fazer uma alusão "ao abacaxi" que a proposta representa, dizendo que a "faca para descascar esse abacaxi" ainda não chegou ao Congresso. Na entrevista, ele fez questão de dizer que não é contra a reforma da Previdência, mas defende que seja apresentado o déficit de cada carreira e se trabalhe a partir desses números.
À Rádio Eldorado, o deputado do PSL voltou a defender o protagonismo do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), sobre as matérias em tramitação nessa Casa Legislativa.
Depois de classificar Maia, em uma entrevista para o jornal O Estado de S. Paulo, como uma espécie de primeiro-ministro, Delegado Waldir disse que ele é quem tem o poder de capitalizar a maioria dos votos necessários para aprovar essa reforma na Câmara dos Deputados. "A reforma é a que o Rodrigo Maia quer e não a que o governo quer", resumiu.
A despeito das críticas, o líder do PSL na Câmara acredita que a admissibilidade da reforma da Previdência deverá ser aprovada nesta semana na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa.
O projeto deverá entrar na pauta de votação a partir desta terça-feira, 23, após sofrer obstrução de parlamentares da oposição, do Centrão e do próprio PSL, na semana passada, neste colegiado.
Sobre os pontos da reforma previdenciária que podem sofrer alteração na Câmara, ele citou o que muda as regras sobre o FGTS nas demissões de aposentados.
Pela proposta em discussão, o aposentado deixaria de receber a multa de 40% do saldo deste fundo ao ser demitido sem justa causa. O deputado acredita que isso deverá ser suprimido da proposta.
Na entrevista à Eldorado,Delegado Waldir também criticou a interferência que o guru da família Bolsonaro, Olavo de Carvalho, tem sobre o governo.
"O mais absurdo é um 'guru' que vive nos EUA atacar o governo e os militares, o presidente (Bolsonaro) não pode ficar à mercê dessas pessoas e pegar a opinião do 'louco do dia'", disse o líder do PSL.
Segundo Waldir, "Bolsonaro tem que dar um basta nesse astrólogo que comanda dois ministérios, pois as pessoas querem Educação, Saúde e Segurança." E emendou: "Basta de discutir ideologia. Todo mundo todo espera isso do Brasil. Temos de dar um passo à frente, gerar emprego. Sou Bolsonaro de carteirinha, mas é preciso o governo parar de discutir o 'sexo dos anjos' com um futurólogo que mora nos EUA, é um trem muito absurdo isso."
A respeito dos filhos do presidente Bolsonaro, Delegado Waldir tem uma opinião diferente da manifestada sobre Olavo de Carvalho. Na sua avaliação, os filhos do presidente são parlamentares e, portanto, têm o direito de se manifestarem, de dialogarem, mesmo quando isso gera polêmica.