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Líder do MST diz que papa é uma vitória para os pobres

oão Pedro Stédile afirmou que papa Francisco é uma vitória devido ao seu pontificado que todos os dias dá "sinais de mudança"

Papa Francisco cumprimenta crianças auxiliadas por voluntários do instituto Santa Marta durante uma audiência no Vaticano (Giampiero Sposito/Reuters)

Papa Francisco cumprimenta crianças auxiliadas por voluntários do instituto Santa Marta durante uma audiência no Vaticano (Giampiero Sposito/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 6 de fevereiro de 2014 às 21h20.

São Paulo - O líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, afirmou nesta quinta-feira durante uma entrevista coletiva em São Paulo que a eleição do papa Francisco é "uma vitória para os pobres" latino-americanos devido ao seu pontificado que todos os dias dá "sinais de mudança".

"Ter um papa latino-americano é uma vitória para os pobres desta parte do continente", declarou Stédile, que em dezembro teve uma reunião com o pontífice e recentemente participou do Seminário da Academia Pontifícia para as Ciências no Vaticano, como um dos representantes da sociedade civil.

"Há um consenso comum que vínhamos de dois papados com uma visão conservadora e retrógada, os de João Paulo II e Bento XVI, e para o mundo católico o papa Francisco rompeu com a tradição europeia, e todos os dias dá sinais de mudanças da relação da igreja com a sociedade", sustentou.

Segundo Stédile, o papa Francisco lidera assim "a causa dos excluídos ao reunir pela primeira vez movimentos sociais e intelectuais".

"É uma demonstração de uma boa vontade de mudança. Estamos orgulhosos que o Vaticano leve em conta pela primeira vez os movimentos populares. Estávamos juntos acadêmicos, o MST, os "Cartoneros" (catadores de papel) da Argentina, o ex-primeiro-ministro italiano Romano Prodi e o economista (americano) Jeffrey Sachs", explicou.

Stédile falou também sobre o próximo congresso do movimento, que começará na próxima segunda-feira em Brasília como parte do aniversário de 30 anos do movimento. O congresso contará com 15 mil representantes dos assentamentos e 200 delegados de organizações de todo o mundo.


"Teremos o "Ato Político da Reforma Agrária", uma reforma agrária popular, não só do MST. A classe trabalhadora vai se mobilizar. Temos que nos mobilizarmos já nas ruas desde março", afirmou.

Para o ativista, a agroindústria tem "retardado" a reforma agrária administrada pelo PT, principalmente durante os dois mandatos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Ele lembrou que "85% das terras produtivas do país estão ocupadas com quatro produtos: milho, soja, cana-de-açúcar e eucalipto, além de pasto para o gado".

Ressaltou, além disso, que o Brasil, com 5% da produção agrícola mundial, consome 20% do veneno tóxico produzido no mundo todo.

De acordo com Stédile, "o governo se tornou refém da agroindústria. Exportamos 60 milhões de toneladas de soja e importamos 21 milhões de toneladas de adubos químicos. O dia em que China deixar de comprar nossa soja vamos entrar em colapso. É uma situação insustentável".

Sobre as eleições presidenciais de outubro, o líder do MST sustentou que o movimento não deverá "indicar" para seus membros o apoio a um determinado candidato, como, por exemplo, a possibilidade de reeleição da presidente Dilma Rousseff, apesar de a base do grupo sempre apoiar as propostas "de esquerda".

"É nossa obrigação criticar o governo de Dilma, que não teve coragem para a desapropriação (de terras). Quando Dilma começou a governar tínhamos 186 mil famílias em acampamentos, das quais só 50 mil foram assentadas até agora", informou.

Stédile confia que a chegada ao Ministério de Casa Civil de Aloizio Mercadante "pode ajudar no desbloqueio político e da burocratização, e conseguir assim dar soluções rápidas e concretas" ao MST.

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