Alunos em escola pública em Vitória, no Espírito Santo (Leandro Fonseca/Exame)
Repórter de macroeconomia
Publicado em 13 de junho de 2024 às 08h00.
Última atualização em 14 de junho de 2024 às 18h50.
A Letrus, uma startup de soluções para educação, recebeu um financiamento de R$ 5 milhões do Usaid (Agência de Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos), para custear um estudo sobre os efeitos de um programa de formação de alunos que usa inteligência artificial.
A empresa, criada em 2017 no Brasil, criou um programa que auxilia estudantes a melhorarem sua capacidade de escrita e leitura, com um software que usa inteligência artificial para dar retornos personalizados para cada aluno, sobre como e em que pontos melhorar.
O dinheiro da Usaid será usado para fazer um estudo amplo sobre os efeitos deste programa, e da melhora das habilidades de escrita e leitura, na vida dos estudantes. Serão acompanhados alunos de ensino médio ao longo de três anos, para aferir dados que mostrem de forma efetiva se alunos que escrevem e leem melhor conseguem avanços como ir bem no Enem, entrar na faculdade e arrumar um emprego ou estágio.
O estudo usará o modelo Ensaio Clínico Randomizado (ECR). Um primeiro ECR financiado pelo laboratório J-PAL do MIT e conduzido pela FGV-SP em 2019 com estudantes do Espírito Santo mostrou que aqueles que usaram o programa por cinco meses alcançaram, em média, a segunda melhor nota do Brasil na redação do Enem em comparação com as demais redes estaduais. Os estudantes que não usaram a Letrus ficaram em oitavo neste ranking.
Este estudo de agora será feito em parceria com o governo do Ceará. "Vamos trabalhar com as três séries do Ensino Médio, e estamos falando de aproximadamente 40 mil alunos. Uma amostra científica de educação de um tamanho que nunca foi feito antes no Brasil", diz Thiago Rached, co-fundador da Letrus.
"A gente vai querer saber quem entrou na faculdade, quem está empregado e, se possível, o nível de renda. Ainda precisamos entender melhor como ficarão as questões de LGPD [Lei Geral de Proteção de Dados], porque vamos trabalhar com dados de menores, mas os dados que são públicos a gente consegue trabalhar", prossegue Rached.
A Letrus atende atualmente 170 mil estudantes no Brasil, nas redes pública e privada. A ferramenta custa a partir de 50 reais por ano por estudante. O valor pode aumentar conforme o número de customizações.
No programa, o aluno escreve redações sobre temas variados e recebe correções de forma rápida, com dicas de como melhorar o texto. O programa pode ser usado também em celulares, e mesmo que não haja conexão à internet o tempo todo.
Para os professores, a ferramenta indica quais são os erros mais comuns de cada turma e os temas a serem dados como aula de reforço.