Brasil

Lava Jato prende ex-executivos da Petrobras e agente ligado ao MDB

Investigações sobre mais um contrato superfaturado da Odebrecht apontam pagamento de propina de 200 milhões de reais a funcionários da estatal e operadores

Petrobras: os alvos dos mandados de prisão são três ex-funcionários da Petrobras e três operadores financeiros (Reuters/Reuters)

Petrobras: os alvos dos mandados de prisão são três ex-funcionários da Petrobras e três operadores financeiros (Reuters/Reuters)

R

Reuters

Publicado em 8 de maio de 2018 às 09h42.

Última atualização em 8 de maio de 2018 às 10h28.

Rio de Janeiro - A Polícia Federal e o Ministério Público Federal deflagraram nesta terça-feira a 51ª fase da operação Lava Jato com o objetivo de ampliar as investigações sobre mais um contrato superfaturado da Odebrecht com a Petrobras mediante propina de 200 milhões de reais a funcionários da estatal e operadores, inclusive um agente ligado ao MDB, informaram a PF e o MPF.

Foram expedidas 23 ordens judiciais a serem cumpridas nos Estados de Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo, sendo quatro de prisão preventiva e duas de prisão temporária, além de 17 mandados de busca e apreensão, no âmbito da chamada Operação Déjà Vu. Os alvos dos mandados de prisão são três ex-funcionários da Petrobras e três operadores financeiros, um deles ligado ao MDB, segundo o MPF.

"As investigações realizadas indicam a repetição de um modus operandi já amplamente revelado pela operação Lava Jato: a obtenção de contratos por parte de grupo empresarial junto à Petrobras, em valores superfaturados, mediante o pagamento de vantagens indevidas a executivos e gerentes da empresa petrolífera", disse a PF em comunicado.

De acordo com os investigadores, a propina relaciona-se à obtenção fraudulenta de um contrato de mais de 825 milhões de dólares firmado em 2010 pela Petrobras com a Odebrecht para prestação de serviços nas áreas de segurança, meio ambiente e saúde para a estatal em nove países, além do Brasil.

O pagamento indevido se estendeu de 2010 até pelo menos 2012, e superou o montante de 56,5 milhões de dólares, o equivalente atualmente a aproximadamente 200 milhões de reais.

"Para os ex-funcionários da Petrobras, há provas de repasses de cerca de 25 milhões de dólares", disse o MPF em comunicado. "Os elementos de prova colhidos indicam ainda que cerca de 31 milhões de dólares foram destinados a agentes que se apresentavam como intermediários de políticos vinculados ao então PMDB (atual MDB)".

Assim como revelado em fases anteriores da Lava Jato, o principal mecanismo utilizado para o pagamento de recursos irregulares para agentes públicos e políticos foi a utilização de empresas off-shore, bem como a movimentação de recursos em espécie no Brasil com a intervenção de operadores financeiros, segundo os investigadores.

De acordo com o MPF, a operação Déjà Vu foi deflagrada a partir de informações fornecidas nos acordos de colaboração premiada e de leniência firmados com a Odebrecht e seus executivos, além de pedidos de cooperação jurídica internacional mantidos com a Suíça e investigações internas da Petrobras.

A Odebrecht assinou no final de 2016 um acordo de leniência com a força-tarefa da Lava Jato no qual aceitou pagar multa bilionária e reconheceu ter cometido erros. Dezenas de executivos e ex-executivos da empreiteira revelaram casos de corrupção envolvendo obras públicas em vários Estados brasileiros e até mesmo em outros países da América Latina.

"O caso demonstra que o acordo de leniência e os acordos de colaboração potencializam as investigações. Com o acordo, um dos participantes do acerto criminoso revela o motivo do pagamento de propina. A hipótese investigativa é, então, confirmada por provas fornecidas pelo colaborador e pelas obtidas por outros meios, como a cooperação internacional. A investigação fica mais célere, completa e robusta", disse o procurador da República Júlio Noronha, integrante da força-tarefa Lava Jato em Curitiba, em comunicado.

Acompanhe tudo sobre:MDB – Movimento Democrático BrasileiroNovonor (ex-Odebrecht)Operação Lava JatoPetrobrasPolícia FederalPrisões

Mais de Brasil

Acidente com ônibus escolar deixa 17 mortos em Alagoas

Dino determina que Prefeitura de SP cobre serviço funerário com valores de antes da privatização

Incêndio atinge trem da Linha 9-Esmeralda neste domingo; veja vídeo

Ações isoladas ganham gravidade em contexto de plano de golpe, afirma professor da USP