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Lava Jato encontra menção a "Caixa de AN" em anotações de Bendine

O ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras está preso sob a acusação de ter recebido R$ 3 milhões em propinas da Odebrecht

Aldemir Bendine: segundo o MPF, o valor foi repassado em três entregas em espécie (Ueslei Marcelino/Reuters)

Aldemir Bendine: segundo o MPF, o valor foi repassado em três entregas em espécie (Ueslei Marcelino/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 2 de agosto de 2017 às 17h21.

São Paulo - Papeis com timbre do Banco do Brasil com anotações do ex-presidente da instituição financeira Aldemir Bendine, preso preventivamente na Lava Jato, indicam citações do ex-presidente da Odebrecht Ambiental Fernando Reis, que delatou propinas ao executivo, e menções a um certo "Caixa de AN" ao lado do nome do ex-diretor de Furnas, Dimas Toledo, ligado ao senador Aécio Neves (PSDB-MG).

O tucano é alvo de dois inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF) envolvendo supostos desvios na estatal. Toledo foi citado em delações como intermediário do parlamentar em esquemas de corrupção.

Bendine está preso no âmbito da "Cobra", 42ª fase da Lava Jato, sob a acusação de ter pedido e recebido da Odebrecht propinas de R$ 3 milhões.

Segundo o Ministério Público Federal, o valor foi repassado em três entregas em espécie, de R$ 1 milhão cada, em São Paulo.

Na lista de propinas da empreiteira, o executivo era identificado com o nome do réptil que batizou a operação que o pôs na cadeia.

Em anotações do ex-presidente do Banco do Brasil apreendidas pela Polícia Federal, há uma menção ao executivo Fernando Reis, que, ao lado de Marcelo Odebrecht, delatou Bendine.

Nos papéis de Bendine, também consta uma citação ao ex-diretor de Furnas Dimas Toledo com a referência, logo abaixo de seu nome a um tal "Caixa AN".

No âmbito da Operação Lava Jato, Aécio foi citado por diversos delatores - entre eles, o lobista Fernando Moura e executivos da Odebrecht -, como beneficiário de um suposto esquema de corrupção em Furnas.

Segundo os colaboradores, Dimas Toledo, indicado pelo tucano à diretoria da estatal de energia, seria seu intermediário. Moura afirma que, em 2003, foi acertada propina para o PT e para Aécio em reunião com o dirigente de Furnas.

Há duas investigações em curso no Supremo para apurar os casos envolvendo Furnas e Aécio. Uma delas sob a relatoria do ministro Ricardo Lewandowski e outra nas mãos do ministro Gilmar Mendes.

Defesas

"O senador Aécio Neves não conhece Aldemir Bendine, nunca tendo, assim, tratado com ele sobre qualquer questão", disse, por meio de nota, a assessoria do parlamentar tucano.

"Dimas Toledo não conhece Aldemir Bendine, com quem jamais teve contato ou qualquer tipo de relacionamento. Não conhece o teor da nota manuscrita e repudia sua veracidade e as inferências de que seja ele a pessoa mencionada nos escritos. Não fora bastante, Dimas Toledo jamais participou ou teve conhecimento de qualquer suposto esquema de desvio de recursos em Furnas, muito menos para pagamentos de propinas a qualquer político em particular ou a partidos políticos. Dimas Toledo tem orgulho dos mais de 35 anos de sua vida profissional dedicada a Furnas - empresa exemplar dentro do segmento de energia, sujeita aos mais rigorosos controles por órgãos internos de auditoria e órgãos externos de fiscalização", disse, em nota, o advogado Rogério Marcolini, que defende Toledo.

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