Corrupção na Petrobras: "O fio era pequeno e quando veio, não se para mais de puxar esse fio", afirmou Antonio Carlos Welter, em Nova York (Tânia Rêgo/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 10 de fevereiro de 2016 às 10h40.
Nova York - O procurador da força-tarefa da Lava Jato Antonio Carlos Welter disse, em um evento na noite desta terça-feira em Nova York, que a operação começou pequena há cerca de dois anos, mas conseguiu demonstrar que havia uma organização criminosa dentro da Petrobras que envolvia de políticos a empreiteiros, além de executivos da companhia e doleiros.
"Não se para mais de puxar o fio", disse Welter, falando que a cada dia se descobrem mais coisas novas envolvendo a corrupção. "O caso da Petrobras começou de uma forma bastante pequena. Havia uma investigação envolvendo cinco doleiros", afirmou o procurador, logo no início do evento, para uma sala lotada na sede da Americas Society/Council of the Americas em Manhattan.
"O fio era pequeno e quando veio, não se para mais de puxar esse fio", ressaltou.
A partir destes cinco doleiros, foi se chegando a diretores da Petrobras, a políticos, a empreiteiros. "Conseguiu se demonstrar que havia uma organização criminosa", disse Welter, ressaltando que ela era composta por quatro grupos: grandes empreiteiras, funcionários da Petrobras, políticos (parlamentares e membros do governo) e doleiros.
"Por trás disso tudo estava a Petrobras sendo sangrada, a população brasileira sendo sangrada e também os investidores que compraram ações da Petrobras", afirmou. A Lava Jato completa em abril dois anos e, segundo o procurador, tem sido importante para o êxito até agora das investigações a participação de órgãos como o Banco Central, a Receita Federal, a Polícia Federal, além do apoio da opinião pública. "A Lava Jato está conseguindo agregar as forças de vários órgãos."
Questionando por um dos participantes do evento se a Lava Jato estava prejudicando as operações da Petrobras, Welter disse que seria muito pior deixar uma empresa "endemicamente envolvida em corrupção".
"Todo empresário sério tem mais interesse em trabalhar com uma empresa em que o contrato vai ser firmado de forma leal, legítima, sem a cobrança de nenhuma vantagem indevida", disse ele. "Vejo nosso trabalho não como algo ruim para a Petrobras, mas como algo bom. Muito pior seria deixar a empresa ou alguma outra estatal ou agentes públicos a continuar a cobrar propina."
Porto Alegre
Questionando pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, se estaria deixando a força-tarefa da Lava Jato, como chegou a ser noticiado, Welter disse que não.
Na verdade, o procurador vai seguir na operação, mas trabalhando de Porto Alegre, onde mora ele e sua família, e não mais de Curitiba, para onde tinha de ir semanalmente.
"Vou trabalhar de Porto Alegre, mas vou continuar trabalhando", afirmou.