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Latinos viajam de navio com fervor por vitórias na Copa

Torcedores latino-americanos estão contribuindo com cerca de US$ 1,8 bilhão em gastos relacionados a turistas

Torcedores argentinos acampados com suas vans no Rio de Janeiro (Dado Galdieri/Bloomberg)

Torcedores argentinos acampados com suas vans no Rio de Janeiro (Dado Galdieri/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 23 de junho de 2014 às 14h13.

Manaus/Rio de Janeiro - Viajando de todas as formas possíveis, a bordo de maltratadas vans de acampamento ou luxuosos navios de cruzeiro, os fãs de futebol latino-americanos convergiram como nunca para uma Copa do Mundo. E estão empurrando suas seleções para frente pelo caminho.

No primeiro torneio da região desde 1986, Argentina, Colômbia, Chile e Costa Rica já avançaram da fase de grupos à custa de seleções como a atual campeã Espanha e a ex-campeã Inglaterra. Brasil e México jogam hoje para tentar juntar-se a elas nas oitavas de finais.

Os torcedores estão contribuindo com cerca de US$ 1,8 bilhão em gastos relacionados a turistas, segundo o governo brasileiro, e seu apoio barulhento também está impulsionando o desempenho de suas seleções nacionais, segundo o meio-campista Juan Quintero, da Colômbia. Argentina, Colômbia e Chile tiveram até 30.000 torcedores em suas partidas.

“Nós sentimos como se estivéssemos em casa”, disse Quintero. “Isso nos dá um impulso”.

Para os latino-americanos, a Copa do Mundo no Brasil é uma viagem mais fácil do que as outras. As últimas duas edições foram na Alemanha e na África do Sul e as próximas estão programadas para Rússia e Catar.

Com estádios acessíveis por meio de estradas e voos de curta distância, nunca houve tantos latino-americanos em uma Copa do Mundo, segundo Fernando Sobral, vice-presidente da Associação Uruguaia de Futebol.

Há cerca de 15.000 uruguaios no Brasil, dez vezes mais do que na edição de 1986, no México, disse ele. O evento “não é mais apenas para a elite”, disse Sobral.

Navio de cruzeiro

Cerca de 3.000 mexicanos desembarcaram no Porto de Fortaleza em um luxuoso navio de cruzeiro para a partida contra o Brasil e outros 2.000 chegaram em voos fretados. Grupos de colombianos atravessaram a fronteira e cruzaram a floresta amazônica em barcos, segundo funcionários do setor de turismo de Manaus.

Argentinos, chilenos e uruguaios fizeram viagens por terra com até seis dias de duração até o Brasil.

O Brasil disse que esperava 500.000 visitantes estrangeiros para os jogos, com um gasto médio de cerca de US$ 2.500 cada, valor que abrange tudo, da gasolina a hotéis e refeições.

Hino nacional

O apoio dos torcedores que viajam para a Copa está fornecendo adrenalina extra para as seleções da região, segundo os jogadores.

Os argentinos se juntaram no bairro Savassi, de Belo Horizonte, para cantar canções patrióticas antes do jogo contra o Irã. Alguns discutiram com brasileiros no estádio e buscaram brigas depois.

Os torcedores mexicanos, alguns usando sombreiros descomunais e máscaras de luta livre, cantaram para os jogadores do lado de fora de seu hotel, em Fortaleza.

“Cada vez que jogamos o estádio está praticamente lotado de torcedores da Argentina”, disse o zagueiro da Argentina Pablo Zabaleta. “Isso é fantástico para o time”.

Os brasileiros, muitos vindos de outras partes do país, cantaram o hino nacional tão alto antes da partida contra o México que o craque Neymar derramou uma lágrima ao alinhar-se com os companheiros de seleção.

Eles cantaram o hino por um longo tempo depois que a música parou.

Clima tropical

Não são apenas os torcedores que estão dando às seleções latino-americanas uma vantagem, segundo o treinador da Itália, Cesare Prandelli.

Os jogadores da região estão mais acostumados a competir em um clima tropical, disse ele. As temperaturas atingiram cerca de 30 graus Celsius em Manaus e Recife.

Os jogadores locais têm um estilo mais “explosivo”, que é mais efetivo sob essas circunstâncias, disse Prandelli. Alguns jogos no sul do Brasil estão sendo disputados em temperaturas muito mais baixas.

O técnico da Inglaterra, Roy Hodgson, disse esperar que “algum bom futebol surja” das seleções europeias. Por enquanto, contudo, as equipes latino-americanas estão com o patriotismo em alta.

“Nós iremos o mais longe que pudermos juntos”, disse o meio-campista colombiano Quintero. “Sabemos que estamos representando o nosso país”.

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