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Labirinto Marielle: Anistia enumera 20 perguntas sobre morte da vereadora

O documento da Anistia traz dados sobre disparos e munição, a arma do crime, os carros e aparelhos usados e as câmeras de segurança

Marielle Franco: a vereadora do PSOL-RJ, que foi assassinada junto com o seu motorista, Anderson Gomes (Renan Olaz/CMRJ/Divulgação)

Marielle Franco: a vereadora do PSOL-RJ, que foi assassinada junto com o seu motorista, Anderson Gomes (Renan Olaz/CMRJ/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 13 de fevereiro de 2019 às 14h33.

Última atualização em 13 de fevereiro de 2019 às 14h48.

Rio — Onze meses depois do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL/RJ) e do motorista Anderson Gomes, a Anistia Internacional (AI) aponta contradições na investigação do caso e enumera 20 perguntas que seguem sem resposta.

Na manhã desta quarta-feira (13), a organização apresentou um extenso levantamento das informações já divulgadas sobre o crime apontando possíveis incoerências.

"O que já foi revelado publicamente sobre o assassinato de Marielle levanta sérias preocupações em relação a possíveis negligências, interferências indevidas, ou ao não seguimento do devido processo legal durante as investigações", afirmou a diretora da Anistia Internacional, Jurema Werneck.

"As autoridades devem responder às perguntas que agora são feitas sobre pontos críticos do caso. A Anistia Internacional continuará monitorando o caso até que todas as perguntas tenham sido respondidas e o caso solucionado."

O documento divulgado nesta quarta-feira, chamado de "Labirinto Marielle", foi elaborado a partir de informações divulgadas por autoridades públicas ou pela imprensa.

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Traz dados agrupados em torno de sete temas: disparos e munição, a arma do crime, os carros e aparelhos usados e as câmeras de segurança, procedimentos investigativos, responsabilidade e competência das investigações, acompanhamento externo e andamento das investigações.

"Embora as investigações estejam sob sigilo, o que já foi divulgado publicamente sobre o caso levanta questões sérias sobre possíveis ilegalidades dentro de instituições de segurança no país, já que munições e armas de propriedade do Estado teriam sido desviadas", aponta a diretora.

"É de extrema preocupação que um lote de munição da Polícia Federal tenha sido desviado, usado em homicídios, e que depois de tanto tempo as autoridades não tenham dado uma explicação satisfatória para isso."

Entre outros pontos críticos destacados no documento estão a falta de respostas sobre o desligamento das câmeras de segurança do local do crime dias antes do assassinato, o desaparecimento de submetralhadoras do arsenal da Polícia Civil do Rio de Janeiro e negligências no armazenamento do carro.

As falas públicas das autoridades sobre o andamento das investigações e estimativas de conclusão do inquérito policial também foram destacadas no documento.

"Desde que o assassinato de Marielle Franco completou cinco meses ouvimos autoridades dizerem publicamente que as investigações estavam andando e que o caso estava perto de ser concluído", lembra Werneck.

"Se até hoje não se sabe quem matou, quem mandou matar Marielle e nem a motivação do crime, em que as autoridades se basearam todos esses meses para afirmarem que as investigações estavam próximas do fim?"

Com o início de nova gestão no governo federal, outro tema de preocupação é a continuidade que será dada à investigação da Polícia Federal sobre as investigações da Polícia Civil do Rio.

"Em novembro do ano passado, o então Ministro da Segurança Pública anunciou que a Polícia Federal iria investigar as investigações do assassinato diante de denúncias de que haveria um grupo organizado, com participação de agentes do Estado, agindo para interferir negativamente no andamento das investigações. Essa suspeita é grave e precisamos que as novas autoridades federais deem uma resposta à altura e que a gente saiba a conclusão da investigação aberta pela Polícia Federal" afirma Jurema Werneck.

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