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Kiss distribuiu 830 convites, mas capacidade era de 691

Pelos depoimentos, a polícia descobriu que o extintor usado por um dos seguranças da casa para tentar controlar o início do incêndio realmente não funcionou

Interior da boate Kiss, destruída após o incêndio que matou 235 pessoas na cidade de Santa Maria (REUTERS/Policia Civil)

Interior da boate Kiss, destruída após o incêndio que matou 235 pessoas na cidade de Santa Maria (REUTERS/Policia Civil)

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Da Redação

Publicado em 13 de junho de 2013 às 07h48.

São Paulo - Jader Marques, advogado de defesa de Elissandro Spohr, um dos donos da boate Kiss, afirmou que 830 convites da festa Agromerados foram distribuídos para estudantes da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) venderem uma semana antes do evento que terminou com 235 mortos.

Ele disse que mais de 200 convites foram devolvidos pelos universitários, mas admitiu que outras pessoas podiam pagar na porta e outras festas de aniversário ocorriam na casa, que suporta no máximo 691 pessoas, segundo o Corpo de Bombeiros.

"A casa tinha um fluxo dinâmico. Quando dava a lotação de 700 pessoas ninguém mais entrava. O dia mesmo da festa não estava aquela maravilha que o Kiko esperava. A casa estava meio vazia até", argumenta o advogado.

A Polícia Civil ouviu uma funcionária da casa, porém, que diz ter separado mil comandas para serem vendidas na noite do dia 26.

"As pessoas que ouvimos até agora relatam que a casa estava lotada", afirma o delegado regional responsável pelo caso, Marcelo Arigony. "Já os funcionários dizem que a boate estava apenas cheia." Marques disse que a boate "tinha plenas condições de funcionamento e que o dono não sabia da apresentação com sinalizadores da banda. "Aquilo foi uma surpresa, para causar frisson", afirmou o advogado.

Extintores

Na quarta-feira, a polícia ouviu mais 14 testemunhas. Uma reconstituição do acidente também foi feita no interior da boate Kiss com cinco sobreviventes. Segundo depoimento prestado por Vanessa Vasconcelos, de 31 anos, ex-gerente da boate, Kiko também mandava retirar os extintores das paredes por questão estética.


Ela trabalhou na casa de dezembro de 2010 a dezembro de 2012 e sua irmã morreu na tragédia. "Ele achava feio os extintores. Mandava a gente tirar. Só colocava de volta quando ia ter inspeção", disse Vanessa. Os donos da casa noturna, no entanto, afirmam que na noite do acidente a casa tinha todos os equipamentos necessários contra incêndio.

Pelos depoimentos, a polícia descobriu que o extintor usado por um dos seguranças da casa para tentar controlar o início do incêndio realmente não funcionou. Os cinco extintores da boate tinham sido recarregados em outubro pela empresa Previ.

"Me pagaram R$ 50 para recarregar cada um. Mas, se alguém tira o lacre ou faz qualquer manuseio errado, eles podem falhar na hora de serem acionados", afirmou Carlos Weber, dono da Previ. A defesa do proprietário da Kiss negou que o local dos extintores tivesse sido mudado.

Reforma

Marques admitiu ainda que o proprietário construiu "uma nova face" para a boate que não constava do projeto original. "Como eu disse, foram reformas feitas para melhorar o atendimento ao público e em um período no qual já estávamos esperando a nova vistoria dos bombeiros.

Não sei dizer se a fiscalização da prefeitura chegou a ir lá e constatou as mudanças", diz o advogado, que também defendeu o goleiro Bruno Fernandes no caso da morte da modelo Eliza Samudio.

Para a defesa, os argumentos da prisão temporária de Spohr e do outro sócio-proprietário, Mario Hoffmann, não têm mais validade. "A prisão temporária foi justificada sob a suspeita de que os donos tinham escondido câmeras do circuito interno de segurança. Mas tenho aqui uma assinatura do dono da empresa que fazia a manutenção dos equipamentos dizendo que eles não estavam funcionando." 

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