Kassab: o presidente do PSD classificou como “uma aliança difícil'', mas ressaltou que “não é impossível” (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
Agência O Globo
Publicado em 4 de maio de 2022 às 07h23.
Última atualização em 4 de maio de 2022 às 08h28.
O presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, disse nesta terça-feira que o pré-candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes, “pode crescer porque cada vez mais ele é a única terceira via”.
Cobiçado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para uma aliança ainda no primeiro turno, Kassab afirmou que a tendência é liberar os diretórios de seu partido e condicionou uma eventual coligação com Ciro a um avanço do pedetista na pesquisa de intenção de voto espontânea até junho.
Em suas redes sociais, o ex-governador do Ceará agradeceu e sinalizou que tem mantido conversas com Kassab sobre o assunto. "Obrigado meu amigo Kassab, por dizer em público o que você tem me dito, com muita franqueza, em particular. Digo aqui o que tenho sempre lhe dito: estamos crescendo e vamos surpreender. O Brasil precisa de nós para rompermos esta polarização odienta”, publicou Ciro Gomes, ao compartilhar trechos das falas de Kassab.
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Em entrevista à Rádio Bandeirantes, Kassab afirmou que continua torcendo para o fortalecimento de uma alternativa ao ex-presidente Lula e ao presidente Jair Bolsonaro (PL) e, ao comentar sobre Ciro Gomes, não poupou elogios. Para ele, o pedetista “é uma extraordinária terceira via” e tem “todas as condições para ser um bom presidente da República”.
“Ele é muito preparado, tem experiência, saberá fazer um bom governo. Conhece economia, conhece gestão. Tem energia, tem boa saúde, tem todas as condições para ser um bom presidente da República”, disse Kassab.
Questionado sobre a viabilidade de uma coligação entre o PSD e o PDT para a campanha à Presidência, Kassab classificou como “uma aliança difícil'', mas ressaltou que “não é impossível”. Para que isso aconteça, segundo ele, é preciso que Ciro, classificado como “a única terceira via”, demonstre maior potencial de crescimento na pesquisa de intenção de votos espontânea, quando o eleitor fala livremente o nome do candidato em que pretende votar.
“O Ciro, que é um excelente candidato, pode crescer porque cada vez mais ele é a única terceira via. A pergunta certa é: será que essa terceira via consegue, até o início de junho, ter pelo menos 10% na [pesquisa] espontânea? Se tiver 10% na espontânea, vai ter uns 15% na pesquisa [estimulada]. Aí, sim, o partido vai pensar: bom, ele está com 15 pontos. E a partir de agosto ele vai ter televisão, porque eu vou dar, o meu partido vai dar. Aí esse cara pode ganhar…”, projetou.
Kassab voltou a afirmar, no entanto, que a tendência é liberar os diretórios do PSD para o primeiro turno das eleições. Além de Ciro, o partido também é cobiçado principalmente pelo ex-presidente Lula, que tem mantido conversas com o cacique social-democrata desde o ano passado.
“O partido caminha para não ter candidatura. Estamos consultando cada estado, cada liderança. Acho que uma coligação com o Lula, no primeiro turno, é difícil, e com o Bolsonaro também é difícil”, completou Kassab.
Até então, sua preferência era que o PSD tivesse candidatura própria e houve a tentativa de emplacar o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, que não se animou com o projeto. Já neste ano, a sigla tentou seduzir o ex-governador Eduardo Leite, que preferiu permanecer no PSDB. As sondagens a outros nomes dentro do partido também não avançaram.
Na última semana, como mostrou o colunista do GLOBO Lauro Jardim, Pacheco disse que Ciro é um “voto muito óbvio, de alguém que está preparado, capaz”. Em entrevista ao Público, de Portugal, o presidente do Senado afirmou considerar o pedetista “alguém muito preparado e talhado para o cargo”. Semanas antes, os dois já haviam se reunido e trocaram elogios.
Após a conversa, Ciro disse a jornalistas que “ficaria bastante feliz se pudesse ter apoio” do PSD a sua candidatura, mas que ainda é cedo para formar alianças. Já Pacheco, pelo Twitter, afirmou que o pedetista “demonstrou profundo conhecimento dos temas e apontou possíveis caminhos para o desenvolvimento do país”.
A aproximação com Pacheco tem a ver também com a tentativa de Ciro de buscar um palanque em Minas Gerais, estado do senador e segundo maior colégio eleitoral do país. Em fevereiro, o pedetista também esteve com o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil, que disputará o governo de Minas pelo PSD.
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