Gilberto Kassab: presidente do PSD criticou postura de Eduardo Bolsonaro e afirmou que o Brasil "curvará a pressões". (Esfera Brasil/Divulgação)
Agência de notícias
Publicado em 11 de agosto de 2025 às 12h55.
Última atualização em 11 de agosto de 2025 às 13h06.
O presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, criticou a atuação do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) em prol do tarifaço e contra os interesses brasileiros diante da disputa tarifária com os Estados Unidos. Em entrevista ao Canal Livre, programa da Band exibido ontem à noite, ele afirmou que a postura do parlamentar tem sido “totalmente inadequada”.
Kassab também disse que o PSD deve ter candidatura própria à Presidência no ano que vem, mas pode compor com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, caso ele se coloque na disputa.
“Acho que o grande erro do Eduardo Bolsonaro tem sido se colocar em solidariedade ao tarifaço. Isso, para um brasileiro e para um deputado federal, é totalmente inadequado”, disse. “Na hora em que ele não se alinha àqueles que defendem os interesses do Brasil, é um erro muito grande.”
Kassab também foi crítico à imposição da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e outras autoridades brasileiras. Ele classificou o uso da lei como “inadequado” e afirmou que seria “uma arma muito poderosa que não foi feita para isso”. Questionado sobre a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), afirmou que a determinação poderia causar novas retaliações americanas.
“O principal assistente do secretário de Estado americano fez chegar, por meio da embaixada americana, um comunicado em que ele faz ameaças grandes e graves. Eu tenho receio e acho que todo o brasileiro deverá ter porque foi feita uma ameaça”, disse.
Kassab fez referência a uma publicação feita pela embaixada brasileira que replicava uma mensagem postada pelo subsecretário de Estado dos Estados Unidos, Christopher Landau. No post, o auxiliar de Marco Rubio afirmou que, no Brasil, “um único ministro do STF usurpou o poder ditatorial ao ameaçar líderes dos outros ramos, ou suas famílias, com prisão, encarceramento ou outras penalidades”.
A manifestação gerou resposta do Itamaraty, que disse que o posicionamento de Landau traz “falsidades” e configura um “ataque frontal à soberania brasileira”. O texto afirma ainda que o Brasil não se “curvará a pressões, venham de onde vierem”.
Durante a entrevista, Kassab comentou sobre possíveis cenários eleitorais para o PSD, frisando que o partido terá candidatura própria em 2026 e deverá se afastar do governo Lula. Segundo ele, se colocaram à disposição na legenda os governadores do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), e do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSD).
Ao ser perguntado sobre Tarcísio, Kassab afirmou que a legenda não teria resistência para compor uma chapa junto a ele, mas disse que a decisão de disputar a Presidência dependerá de “uma situação muito favorável” para que o governador desista de concorrer à reeleição estadual.
“Isso acontecendo, e existe esse movimento, ele será praticamente candidato único na centro-direita, porque ele não vai se apresentar como pré-candidato em uma situação em que existem muitas dúvidas quanto à sua eleição. Não haverá nenhum problema de compor com Tarcísio caso ele entenda que o melhor para o Brasil e para São Paulo seja sua candidatura.”
Já em entrevista ao O Globo na semana passada, Kassab disse que o melhor caminho para Tarcísio seria a reeleição. “A minha impressão é que o Bolsonaro dará prioridade a eles [Eduardo, Flávio e Michelle Bolsonaro] em candidaturas ao Senado e não vai se importar tanto com a corrida presidencial. Por isso, continuo com a minha impressão de que o melhor para o Tarcísio é ser candidato a governador mesmo, para concluir os seus projetos em São Paulo”, declarou.