Kassab, Bruno Araújo, Gleisi e ACM Neto. (BTG Pactual/Divulgação)
Gilson Garrett Jr
Publicado em 14 de setembro de 2021 às 12h16.
Última atualização em 14 de setembro de 2021 às 12h18.
Os presidentes de quatro dos maiores partidos do Brasil defenderam, nesta terça-feira, 14, a democracia e um processo eleitoral livre no Brasil. ACM Neto (DEM), Bruno Araújo (PSDB), Gleisi Hoffmann (PT), e Gilberto Kassab (PSD) participaram de debate no MacroDay 2021, evento do banco BTG Pactual (do mesmo grupo que controla EXAME), mediado pela jornalista Amanda Klein.
A afirmação dos quatro foi dita uma semana após os protestos do dia 7 de setembro, em que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou que não vai mais cumprir as decisões do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, o que acarretaria em crime de responsabilidade.
Dois dias depois, Bolsonaro publicou uma carta à nação - uma espécie de bandeira branca - dizendo que “nunca teve intenção de agredir quaisquer dos Poderes”.
Kassab avaliou que os partidos e instituições só estão debatendo a defesa da democracia porque o presidente ataca constantemente os pilares do estado democrático de direito. “Posso dizer que o nosso sistema de apuração eleitoral é perfeito e reconhecido internacionalmente”, afirmou.
Ex-prefeito de Salvador, ACM Neto lembrou que existem problemas e erros nos três Poderes, mas que mesmo assim as instituições continuam funcionando. “Temos uma imprensa livre, e as pessoas podem se manifestar. Nós vamos ter eleições livres e a população pode ir até a urna em outubro de 2022. A democracia é inegociável”, disse.
A deputada federal Gleisi Hoffmann destacou que os quatro partidos representados no debate do MacroDay 2021 têm muitas diferenças no âmbito do programa de governo e, mesmo assim, podem sentar juntos e falar sobre os problemas do país.
“Todos nós, independentemente das nossas diferenças, defendemos a democracia. O processo eleitoral precisa ocorrer de maneira livre, sem interdição de candidatos. Não vamos escolher adversários e respeitamos o Brasil”, disse.
O presidente do PSDB, Bruno Araújo, disse que as prévias do partido, marcadas para novembro, são um processo democrático que outros partidos podem se espelhar. “Eu acredito piamente nas instituições brasileiras. Esse é um regime que nos permite avançar e operamos no sentimento de manter este processo”, afirmou.
Apesar de uma candidatura de terceira via não ter decolado nas pesquisas de intenção de voto, Bruno Araújo, Kassab e ACM Neto acreditam que o segundo turno das eleições em 2022 será entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e um nome alternativo de oposição.
“Neste momento a probabilidade do presidente Bolsonaro não estar no segundo turno é muito grande. Eu estou bastante otimista para que a gente possa apresentar um nome. O desafio é ter uma unidade”, avaliou Kassab.
ACM Neto garantiu que o DEM terá um candidato próprio. “O DEM tem dois possíveis nomes, o do ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e o do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. A partir de abril é que o desenho começa a ficar mais claro e vamos ver os candidatos e partidos que vão disputar”, disse.
No PSDB os nomes mais cotados são os dos governadores João Doria, de São Paulo, e Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul. “O jogo hoje é muito equilibrado. Não há favorito. Doria tem protagonismo em São Paulo. Eduardo Leite tem uma posição de destaque em muitos estados”, avaliou Bruno Araújo.
No PT, Gleisi disse que o nome de Lula está confirmado como candidato. “O PT quer apresentar Lula como candidato porque ele é capaz de tirar o país desse buraco. Mas acho que todos os partidos podem apresentar. A terceira via tem que apresentar um programa”, afirmou.
Na última pesquisa EXAME/IDEIA, o petista teria 46% das intenções de voto, e Bolsonaro aparece com 34% em uma simulação de primeiro turno. Lula venceria em todas as simulações de segundo turno. O candidato que tem uma diferença mais apertada com Lula é Ciro Gomes. O pedetista teria 33% das intenções de voto, ante Lula, com 41%.
Com diferentes agendas econômicas para o Brasil, os presidentes de DEM, PSDB, PT e PSD debateram os caminhos que podem ajudar o país a superar a crise econômica, agravada pela pandemia de covid-19.
Kassab disse que o presidente Bolsonaro não vai conseguir resolver o problema dos 15 milhões de desempregados até o fim do mandato, em dezembro de 2022. Para ele, garantir mais empregos é a solução para gerar renda aos brasileiros.
Presidente do PSDB, Bruno Araújo defendeu a reforma administrativa, nos moldes que os estados de São Paulo e Rio Grande do Sul fizeram. “Esses exemplos foram ignorados pelo governo federal”, disse.
ACM Neto também defendeu as reformas e disse que o partido votou neste caminho em todos os projetos que passaram pelo Congresso. “Nós apoiamos e sempre apoiaremos a reformas”, afirmou.
Pauta defendida pelo PT, Gleisi disse que programas de transferência de renda precisam estar no orçamento federal. Afirmou ainda que o teto de gastos está desmoralizado porque teve muita medida aprovada e que não estava dentro do orçamento.
“Precisamos de expansão monetária, um pouco mais de emissão de dívida. A iniciativa privada não tem condição de fazer grandes investimentos, e o estado precisa ajudar. Precisamos aumentar a renda da população. O que eu posso oferecer é um grande mercado consumidor na mão do empresariado”, disse.