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Karnal: Decifrar o mundo exige fazer as melhores perguntas

Professor da Unicamp é um dos palestrantes do fórum 'A Revolução do Novo', realizado por VEJA e EXAME

Megatendências: Karnal foi o primeiro palestrante do fórum A Revolução do Novo (Flávio Santana / Biofoto)

Megatendências: Karnal foi o primeiro palestrante do fórum A Revolução do Novo (Flávio Santana / Biofoto)

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Da Redação

Publicado em 17 de janeiro de 2017 às 11h06.

Última atualização em 21 de março de 2017 às 12h23.

São Paulo -- Para discutir o futuro – do país, do mundo ou mesmo de nossas vidas cotidianas –, mais importante que procurar respostas, o melhor caminho é melhorar as perguntas. Essa é a análise de Leandro Karnal, doutor em história social pela USP e professor da Unicamp. Karnal foi o primeiro palestrante do fórum A Revolução do Novo, realizado em parceria entre as revistas VEJA e EXAME.

O professor foi convidado a desenvolver o tema “como as redes sociais aproximam e distanciam as pessoas” – e, para ilustrar seu raciocínio sobre a precisão das perguntas, questionou o próprio tema. “Quem faz essa pergunta deixa claro que é um baby-boomer (nascido após a Segunda Guerra Mundial), que tem entre 45 e 65 anos”, disse. “É uma questão que, para as novas gerações, simplesmente não existe.”

A idealização do passado dificulta o debate sobre as relações humanas na era das redes sociais e do “pós-verdade”, raciocina o professor. “Fala-se que ‘antigamente as famílias conversavam mais’”, diz. “Mas a barbárie do fascismo, os horrores de Auschwitz, foram feitos sem a internet. O mundo não era melhor sem a internet nem é pior com ela. Ele é apenas diferente.”

Os fossos geracionais ficam evidentes em episódios prosaicos, como o cancelamento de uma conta no Facebook ser encarado por novas gerações como um sinônimo de perda de todas as amizades. “Dou aula há 34 anos, e meus alunos não são menos capazes hoje”, afirma Karnal. A aceleração das mudanças, acredita o professor, é tão grande que os paradigmas não mudam mais de uma geração a outras, mas em uma mesma geração – e várias vezes.

Assim, por mais que o acesso à informação tenha crescido, o exercício de tentar adivinhar como será o futuro continua tão difícil quanto sempre foi. “Não temos como adivinhar o futuro”, diz. “Mas é certo afirmar que as pessoas mais bem preparadas para o que está por vir são as que conseguem fazer as melhores perguntas.”

O fórum A Revolução do Novo está sendo realizado no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, e se estenderá durante toda a manhã desta terça-feira.

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