Brasil

Justiça proíbe governo Bolsonaro de fazer propaganda do 'kit Covid'

A decisão é da juíza Ana Lucia Petri Betto, da 6.ª Vara Cível Federal de São Paulo.

 (Gerard Julien/AFP)

(Gerard Julien/AFP)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 30 de abril de 2021 às 17h22.

Última atualização em 30 de abril de 2021 às 17h23.

A Justiça Federal em São Paulo proibiu a Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) do governo federal de promover campanhas publicitárias defendendo 'tratamento precoce' contra o coronavírus ou remédios sem eficácia comprovada para tratar a doença. A decisão é da juíza Ana Lucia Petri Betto, da 6.ª Vara Cível Federal de São Paulo.

E também determina a retratação pública de quatro influenciadores contratados pelo governo Jair Bolsonaro para defender o "atendimento precoce" nas redes sociais.

O processo, movido por Luna Zarattini Brandão, que foi candidata a vereadora em São Paulo pelo PT, foi aberto justamente esteira da ação de marketing.

"Levando em consideração o contexto em que veiculada a campanha, além da indiscutível similaridade entre as expressões 'tratamento precoce' e 'atendimento precoce', é forçoso concluir que, no mínimo, a ação publicitária com os influenciadores digitais tem o potencial de induzir em erro os destinatários da mensagem", escreveu a magistrada.

No processo, o governo afirmou que a campanha em questão foi pensada para estimular as pessoas a buscarem atendimento médico tão logo desenvolvam os primeiros sintomas da covid-19. Mas, na avaliação da juíza, a publicidade não foi clara. "Mesmo que o intuito da campanha com os influenciadores não tenha sido a propagação do referido tratamento, como argumenta a União, a comunicação deve ser pautada pelas diretrizes da clareza e da transparência, a fim de transmitir, adequadamente, a mensagem aos destinatários, sobretudo no cenário devastador de agravamento da pandemia da Covid-19 e de disseminação das chamadas fake news", observou.

A contratação dos influenciadores João Zoli, Jéssika Taynara e Pam Puertas e da ex-BBB Flávia Viana, em troca de cachês que somaram R$ 23 mil, foi revelada pela Agência Pública.

Como mostrou a reportagem, eles foram instruídos a seguir o seguinte roteiro nas postagens: "Hoje quero falar de um assunto importante, quero reforçar algumas formas de se prevenir do coronavírus. Vamos nos informar e buscar orientações em fontes confiáveis. Não vamos dar espaços para fake news. Com saúde não se brinca. Fiquem atentos! E se identificar algum sintoma como dor de cabeça, febre, tosse, cansaço, perda de olfato ou paladar #NãoEspere, procure um médico e solicite um atendimento precoce."

Procurado, o governo informou que a União ainda não foi intimada.

  • Quer saber tudo sobre o ritmo da vacinação contra a covid-19 no Brasil e no Mundo? Assine a EXAME e fique por dentro.

O podcast EXAME Política vai ao ar todas as sextas-feiras. Clique aqui para seguir no Spotify, ou ouça em sua plataforma de áudio preferida, e não deixe de acompanhar os próximos programas.

Acompanhe tudo sobre:CoronavírusGoverno BolsonaroJustiçaPandemiaRemédios

Mais de Brasil

Alíquota na reforma tributária dependerá do sucesso do split payment, diz diretor da Fazenda

Reforma tributária: governo faz 'terrorismo' para impedir novas exceções, diz senador Izalci Lucas

Linhas 8 e 9 começam a disponibilizar Wi-Fi gratuito em todas as estações; saiba como acessar

Bolsonaro indiciado pela PF: entenda o inquérito do golpe em cinco pontos