Brasil

Justiça pede reabertura dos hotéis do programa De Braços Abertos

Juiz Randolfo Ferraz de Campos, da 14ª Vara de Fazenda Pública, decidiu acolher o pedido liminar da Defensoria Pública de São Paulo

De Braços Abertos: Defensoria Pública fez pedido para reabrir os hotéis do programa Braços Abertos (Rovena Rosa/Arquivo/Agência Brasil)

De Braços Abertos: Defensoria Pública fez pedido para reabrir os hotéis do programa Braços Abertos (Rovena Rosa/Arquivo/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 4 de abril de 2018 às 13h34.

São Paulo - Na decisão em que acolheu o pedido liminar da Defensoria Pública de São Paulo para reabrir os hotéis do programa De Braços Abertos, o juiz Randolfo Ferraz de Campos, da 14ª Vara de Fazenda Pública, criticou a estrutura oferecida aos beneficiários, usuários químicos da Cracolândia. A decisão foi tomada nessa terça-feira, 3.

"Trata-se de Programa destinado a enfrentar (logo, sem meramente adotar políticas de dispersão do problema, atomizando-o e, portanto, eternizando-o e até agravando-o) o problema social observado na conhecida região da 'Cracolândia', nesta Capital, onde centenas de pessoas costumavam se reunir, durante as 24 horas do dia, para o consumo de substâncias entorpecentes, especialmente o crack", escreveu o magistrado.

De acordo com Campos, os dependentes químicos precisam ir para locais preparados para recebê-los, o que não era o caso dos Centros Temporários de Acolhimento e das 'Repúblicas' para onde foram encaminhados à revelia. "Além disso, nos CTAs e nas 'Repúblicas', não há a instalação individual para cada beneficiário, mas sim abrigamento coletivo, onde não há privacidade, assim como há restrição à entrada de pertences."

Ele afirma também que a existência dos "hotéis sociais" era um dos 'sustentáculos' do Braços Abertos e que o banimento deles torna a política pública "comprometida e até mesmo inócua". A remoção dos dependentes, da forma que foi feita, também é comprometedora, segundo o magistrado, por "ameaçar a recuperação dos dependentes".

"Defiro, portanto, a liminar para determinar sejam restabelecidos os serviços dos hotéis sociais Santa Maria e Impacto, disponibilizando novamente as vagas nos serviços às pessoas removidas no prazo de 20 dias, pena de multa diária de R$ 10 mil, majorável para R$ 20 mil se a mora superar os 30 dias. Tais hotéis deverão receber, inclusive, serviços e obras de manutenção e reparos que os tornem novamente aptos, ainda que apenas em termos do mínimo e essencial, em termos de habitabilidade e salubridade, não devendo servir de empecilho a esta liminar exatamente a falta de tais condições, razão por que se não concede a liminar como postulada pelo Ministério Público", decidiu o juiz da 14ª Vara da Fazenda.

Randolfo Ferraz de Campos ainda determinou a devolução de todos os pertences dos beneficiários, que não puderam ser levados para onde eles foram encaminhados. De acordo com o pedido da Defensoria, "eles não foram consultados sobre os encaminhamentos, pois não lhes caberia opinar sobre essa questão; cabendo somente à Prefeitura de São Paulo decidir sobre seu destino".

Defesa

"A Prefeitura informa que vai recorrer da decisão provisória assim que for notificada. Cabe esclarecer, no entanto, que o fechamento dos hotéis decorre das condições desumanas e insalubres em que sempre se encontraram."

"Os espaços apresentavam falhas graves de segurança e higiene, mostrando-se totalmente inadequados para a recuperação dos dependentes químicos, que nunca deixaram de frequentar o fluxo."

"Nos novos espaços oferecidos pela gestão, esses dependentes têm acesso a acompanhamento de equipes da saúde e assistência social, além de políticas de capacitação para a retomada da própria autonomia", disse a Prefeitura de São Paulo por meio de nota.

Acompanhe tudo sobre:CracolândiaDrogasFernando Haddadsao-paulo

Mais de Brasil

Banco Central comunica vazamento de dados de 150 chaves Pix cadastradas na Shopee

Poluição do ar em Brasília cresceu 350 vezes durante incêndio

Bruno Reis tem 63,3% e Geraldo Júnior, 10,7%, em Salvador, aponta pesquisa Futura

Em meio a concessões e de olho em receita, CPTM vai oferecer serviços para empresas