Tragédia em Mariana: dos 22 acusados, 21 foram denunciados por homicídio qualificado com dolo eventual (Douglas Magno/AFP Photo/AFP)
Estadão Conteúdo
Publicado em 18 de novembro de 2016 às 12h57.
Última atualização em 18 de novembro de 2016 às 15h21.
São Paulo - A Justiça Federal em Ponte Nova aceitou denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal (MPF) contra 22 pessoas e as empresas Samarco, Vale, BHP e VogBR, no processo sobre o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), que provocou 19 mortes e o maior desastre ambiental do Brasil no ano passado.
Das 22 pessoas denunciadas, 21 são por homicídio com dolo eventual, incluindo o ex-presidente da Samarco Ricardo Vescovi, o diretor de Operações e Infraestrutura da empresa, Kleber Luiz Terra, além de três gerentes operacionais da mineradora, segundo decisão judicial de quarta-feira vista pela Reuters nesta sexta-feira.
Para o MPF, a as empresas e os denunciados não tomaram medidas satisfatórias para evitar o acidente. Ao contrário, os executivos apoiaram um processo de aumento na produção na região que teria colaborado com o rompimento da barragem de rejeitos de mineração, que liberou um mar de lama que atingiu distritos e contaminou a água dos rios, incluindo o importante Rio Doce, além do litoral do Espírito Santo.
Também viraram réus 11 integrantes do Conselho da Samarco, incluindo representantes da Vale, como o diretor de ferrosos Peter Poppinga, e representantes da BHP Billiton.
A Vale, que é sócia da BHP na Samarco, rejeitou os termos da denúncia e afirmou que adotará medidas cabíveis perante o Poder Judiciário para comprovar sua inocência e de seus executivos e empregados. A posição da Samarco foi a mesma. A BHP não respondeu imediatamente, mas a empresa havia dito anteriormente que rejeita integralmente as acusações e que vai apoiar a defesa de cada um dos envolvidos no processo.
Os réus terão 30 dias para responderem à acusação.
O executivos também foram acusados pelos crimes de inundação, desabamento e lesões corporais graves, todos com dolo eventual. Além disso, foram denunciados por crime ambiental.
As três mineradoras também vão responder por crimes contra o meio ambiente, que envolvem crimes contra a fauna, a flora, crime de poluição, e contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural.
Apenas o engenheiro da VogBR Samuel Paes Loures não foi acusado de homicídio. Ele vai responder, juntamente com a VogBR, pelo crime de apresentação de laudo ambiental falso. A VogBR não respondeu imediatamente pedidos de comentário.
Os demais, além de homicídio, vão responder ainda por crimes de inundação, desabamento, lesão corporal e crimes ambientais. A Samarco, a Vale e a BHP Billiton são acusadas de nove crimes ambientais.
As ações preferenciais da Vale operavam em queda de mais de 2 por cento por volta das 13h, enquanto o índice Bovespa subia 0,7 por cento.
Notícia atualizada às 13h22