Notas de vinte reais: esquema de lavagem de dinheiro chegou a movimentar R$ 10 bilhões nos últimos quatro anos (Dado Galdieri / Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 23 de abril de 2014 às 21h42.
Curitiba - O juiz Sergio Moro, da Justiça Federal do Paraná, acatou na tarde desta quarta-feira, 23 a denúncia proposta pelo Ministério Público Federal contra o doleiro Alberto Youssef e outros seis investigados pela Polícia Federal, presos pela Operação Lava Jato, um esquema de lavagem de dinheiro que chegou a movimentar R$ 10 bilhões nos últimos quatro anos.
Além dessa denúncia, o MPF também ofereceu outras quatro, mas que estão sendo analisadas e poderão ser acatadas nos próximos dias. O ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa é citado em apenas uma denúncia, enquanto Youssef aparece em mais uma, além da primeira. O doleiro é acusado de ter remetido US$ 444,6 milhões para fora do Brasil entre julho de 2011 e março de 2013, por conta da utilização de empresas de importação inexistentes.
A primeira oitiva com as testemunhas de acusação deve acontecer no dia 30 de maio, na sede do MPF. Segundo a decisão do juiz a denúncia foi acatada por existir elementos suficientes para a investigação. No despacho, há detalhes sobre as operações fraudulentas em que diversas empresas estão envolvidas.
Além disso, a denúncia detalha outras operações feitas por Youssef e Carlos Alberto Pereira da Costa: "os acusados Alberto Youssef e Carlos Alberto teriam internalizado, por meio fraudulento, valores previamente evadidos, de USD 3.135.875,20 entre 31/08/2010 e 03/05/2011, mediante quatro contratos de câmbio com investimentos a título de Capitais Estrangeiros a Longo Prazo na empresa GFD Investimento Ltda., ocultando e dissimulando a natureza e origem criminosa dos valores, o que caracterizaria crime de lavagem de dinheiro".
Além de Youssef e Carlos Alberto, também foram denunciados Leonardo Meirelles, Leandro Meirelles, Pedro Argese Júnior, Esdra de Arantes Ferreira e Raphael Flores Rodriguez. Leonardo Meirelles era um dos sócios do laboratório Labogen, que chegou a firmar convênio de R$ 31 milhões com o Ministério da Saúde no ano passado, mas era mais utilizado como passagem de dinheiro para o exterior.
No total, foram realizadas 3.649 operações de câmbio entre julho de 2011 e 17 de março deste ano, data das prisões de Youssef e Carlos Alberto. Na ação, a Justiça Federal individualizou a participação de cada um dos envolvidos nas ações da quadrilha. Segundo a descrição da Justiça Alberto Youssef era o líder do grupo criminoso, mandante e executor dos crimes.