Brasil

Justiça de SP suspende contrato de gestão do Teatro Municipal

Investigação constatou desvio de R$ 15,6 milhões de recursos do Teatro Municipal entre 2013 e 2015

Em janeiro deste ano, a gestão Doria, porém, renovou o contrato com o IBGC, assinado por Haddad em 2013, por mais seis meses pelo valor de R$ 60,8 milhões (Alexandre Batibugli/Placar/Placar)

Em janeiro deste ano, a gestão Doria, porém, renovou o contrato com o IBGC, assinado por Haddad em 2013, por mais seis meses pelo valor de R$ 60,8 milhões (Alexandre Batibugli/Placar/Placar)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 10 de março de 2017 às 20h49.

A Justiça paulista determinou na quarta-feira, 8, a suspensão imediata do contrato de gestão do Teatro Municipal assinado pela Prefeitura de São Paulo com o Instituto Brasileiro de Gestão Cultural (IBGC) e exigiu que a administração do local seja retomada pela gestão do prefeito João Doria (PSDB) até realizar uma nova contratação.

O juiz Kenichi Koyama, da 11ª Vara da Fazenda Pública, acolheu parcialmente uma ação civil de improbidade administrativa movida em dezembro passado pelo Ministério Público Estadual (MPE) contra o ex-prefeito Fernando Haddad (PT), três ex-secretários da gestão petista, o ex-diretor da Fundação do Teatro Municipal, José Luiz Herencia, o ex-diretor do IBGC, William Nacked, e o ex-diretor artístico do Teatro, o maestro John Neschling.

Investigação feita pelo MPE e que contou com a delação de Herencia constatou desvio de R$ 15,6 milhões de recursos do Teatro Municipal entre 2013 e 2015. Segundo uma auditoria feita pela própria Prefeitura a pedido de Haddad, o Teatro Municipal tinha um rombo de R$ 28 milhões até o ano passado. O Tribunal de Contas do Estado (TCE) também apontou irregularidades no contrato e nos pagamentos dos serviços.

Após o escândalo vir à tona, a Câmara Municipal de São Paulo instalou uma CPI para apurar o caso e os gestores do Teatro Municipal foram afastados do cargo. Em janeiro deste ano, a gestão Doria, porém, renovou o contrato com o IBGC, assinado por Haddad em 2013, por mais seis meses pelo valor de R$ 60,8 milhões.

Para o juiz Kenichi Koyama, a denúncia de corrupção apresentada pelo MPE "está excessivamente palpável na materialidade que o Tribunal de Contas, órgão técnico, não poupou tintas em registrar para desespero e incredulidade paulistana". O magistrado deu prazo de 90 dias para o cumprimento integral da decisão e estabeleceu multa a Doria e ao atual secretário de Cultura, André Sturm.

"Estamos diante de delação/versão e prova, que dão para o momento, probabilidade bastante suficiente para censurar os eventos. Há prova inequívoca de violações sistemáticas ocorridas. Tal conjunto represente violação evidente da legalidade restrita administrativa, e de imoralidade administrativa-particular, que macularam o cumprimento do contrato de gestão", afirma o magistrado.

As práticas, afirma o juiz, "causaram lesividade aos cofres públicos, sobretudo diante do superfaturamento e da inexecução absoluta ou parcial dos serviços, que em tudo envergonham a sociedade paulistana".

Na manhã desta sexta-feira, 10, Doria comentou a decisão judicial e afirmou que a cumprirá. "Decisão judicial é para ser cumprida. Vamos cumprir e buscar uma outra organização não governamental", disse o prefeito. "Eu não vejo que a Prefeitura deva administrar o Teatro Municipal. Vamos ter de fazer a escolha de uma ONG capacitada para isso."

A reportagem não conseguiu contato com o IBGC. (Colaborou Adriana Ferraz)

Acompanhe tudo sobre:CorrupçãoCPIJoão Doria Júniorsao-pauloTeatro

Mais de Brasil

Banco Central comunica vazamento de dados de 150 chaves Pix cadastradas na Shopee

Poluição do ar em Brasília cresceu 350 vezes durante incêndio

Bruno Reis tem 63,3% e Geraldo Júnior, 10,7%, em Salvador, aponta pesquisa Futura

Em meio a concessões e de olho em receita, CPTM vai oferecer serviços para empresas