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Justiça começa a julgar réus da Chacina de Unaí, após 9 anos

As quatro vítimas, que trabalhavam no Ministério do Trabalho, faziam uma fiscalização de rotina na zona rural de Unaí (MG), em 2004, quando foram assassinadas


	Pessoa segura revólver: a previsão inicial é que o julgamento de Rogério Allan Rocha Rios, Erinaldo de Vasconcelos Silva e William Gomes de Miranda se estenda até sexta-feira (30)
 (George Frey/Getty Images)

Pessoa segura revólver: a previsão inicial é que o julgamento de Rogério Allan Rocha Rios, Erinaldo de Vasconcelos Silva e William Gomes de Miranda se estenda até sexta-feira (30) (George Frey/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 27 de agosto de 2013 às 12h23.

Brasília – Começou na manhã de hoje (27), em Belo Horizonte (MG), o julgamento de três dos oito acusados de participação no assassinato de três auditores fiscais do Trabalho e de um motorista do Ministério do Trabalho. O crime ocorreu em 28 de janeiro de 2004, na cidade de Unaí (MG), razão pela qual ficou conhecido como Chacina de Unaí.

A previsão inicial é que o julgamento de Rogério Allan Rocha Rios, Erinaldo de Vasconcelos Silva e William Gomes de Miranda se estenda até sexta-feira (30).

Os três são acusados de terem emboscado e atirado nos fiscais do Trabalho Eratóstenes de Almeida Gonçalves, João Batista Soares e Nelson José da Silva e no motorista Aílton Pereira de Oliveira. Os quatro servidores do Ministério do Trabalho faziam uma fiscalização de rotina na zona rural da cidade mineira, a cerca de 500 quilômetros de Belo Horizonte e 160 quilômetros da região central de Brasília (DF).

Segundo a Justiça Federal em Minas Gerais, os réus estão sendo julgados antes dos demais acusados por já estarem presos em Contagem (MG). Rios, Silva e Miranda foram detidos meses após o crime, depois que a Polícia Federal apontou o envolvimento deles.

Até o momento, a imprensa não foi autorizada a fazer imagens do interior da sede da Justiça Federal de 1º Grau. De acordo com o cronograma dos trabalhos, os jurados e os suplentes serão sorteados na manhã de hoje e os primeiros depoimentos começam a ser ouvidos à tarde.

Cerca de 30 manifestantes mobilizados pelo Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait) e pela Associação dos Auditores Fiscais do Trabalho de Minas Gerais (Aafit-MG) estão concentrados diante do local do julgamento, com cartazes ilustrados com fotos dos servidores mortes, pedindo justiça.


Dos cinco réus que respondem ao processo em liberdade, quatro devem começar a ser julgados no dia 17 de setembro. O fazendeiro Norberto Mânica e os empresários Hugo Alves Pimenta e José Alberto de Castro são acusados de homicídio qualificado. Eles teriam participado do crime como mandantes e intermediários.

Norberto também responde pelos crimes de resistência e frustração de direitos trabalhistas. Já Humberto Ribeiro dos Santos é acusado de formação de quadrilha.

A data do julgamento do oitavo acusado, o fazendeiro Antério Mânica, irmão de Norberto, ainda não foi definida. Apontado como um dos maiores produtores de feijão do país, ele foi eleito prefeito de Unaí poucos meses após o crime e reeleito em 2008. De acordo com a PF, os irmãos Mânica seriam os principais mandantes do crime.

O nono réu, Francisco Elder Pinheiro, acusado de ter contratado os pistoleiros, morreu em janeiro deste ano, aos 77 anos de idade.

Durante quase nove anos, os principais acusados conseguiram adiar o julgamento apresentando à Justiça sucessivos recursos.

O último contratempo, no entanto, foi uma discussão jurídica decorrente da decisão da juíza Raquel Vasconcelos Alves de Lima, da Justiça Federal de Belo Horizonte, que se declarou incompetente para julgar os réus, decretando que o Tribunal do Júri fosse transferido da capital mineira para Unaí.

O MPF recorreu da decisão e conseguiu manter o julgamento na capital mineira. A própria juíza Raquel Vasconcelos preside o tribunal de júri, que começou com cerca de 40 minutos de atraso.

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