Brasil

Justiça bloqueia dois imóveis e lancha de ex-diretor da Dersa

O ex-dirigente da estatal paulista é acusado em ação penal da Lava Jato por corrupção passiva e lavagem de dinheiro

Paulo Preto: ex-diretor da Dersa teria amealhado, ao menos, R$ 27 milhões (Geraldo Magela/Agência Senado)

Paulo Preto: ex-diretor da Dersa teria amealhado, ao menos, R$ 27 milhões (Geraldo Magela/Agência Senado)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 11 de junho de 2019 às 21h51.

São Paulo — O juiz federal Diego Paes Moreira, da 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo, especializada em lavagem de dinheiro, determinou o bloqueio de dois imóveis e de uma lancha de propriedade da empresa P3T, criada em 2014 pelo ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza - apontado como operador do PSDB. Foram apreendidos uma mansão no condomínio Iporanga, no Guarujá, um apartamento no condomínio Marina VI, em Ubatuba, e a lancha Giprita III.

O ex-dirigente da estatal paulista é acusado em ação penal da Operação Lava Jato em São Paulo, que corre na 6ª Vara, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. No processo, a força-tarefa afirma que Paulo Vieira de Souza teria amealhado, ao menos, R$ 27 milhões (valores não-corrigidos) em consequência dos delitos que cometeu desde que assumiu cargo de direção na Dersa, em 2007.

A informação foi publicada pela Procuradoria da República nesta terça-feira, 11.

O Ministério Público Federal afirma que Paulo Vieira de Souza criou a P3T para blindar seu patrimônio. O suposto operador do PSDB está preso preventivamente desde fevereiro e já foi condenado a mais de 170 anos de prisão por crimes como peculato (desvio de dinheiro público) e formação de cartel em obras do trecho sul do Rodoanel e do Sistema Viário Paulistano.

Em nota, a Procuradoria informou que a P3T Empreendimentos e Participações Ltda foi criada em 3 dezembro de 2014 por Paulo Vieira de Souza e sua ex-mulher, Ruth Arana de Souza, para "compra, venda e aluguel de imóveis próprios". Segundo a Lava Jato, a empresa nunca emitiu uma nota fiscal ou empregou algum funcionário.

Em 16 de dezembro de 2014 foram transferidos por Paulo Vieira de Souza e Ruth bens que estavam em nome do casal, totalizando o capital social da empresa, de R$ 3,83 milhões. Em fevereiro de 2015, segundo a Lava Jato, o casal doou suas quotas na P3T às filhas Priscila e Tatiana, mas manteve-se como administrador da empresa e estabeleceu em contrato que as filhas não poderiam vender os bens da empresa enquanto os pais fossem vivos.

Na avaliação dos investigadores, a criação da P3T "foi apenas uma manobra de Paulo Vieira de Souza para blindar seu patrimônio". A Procuradoria informou que requereu o sequestro dos bens "como forma de assegurar, ainda que parcialmente, a reparação dos danos causados pelos crimes" atribuídos ao ex-diretor da Dersa.

Na decisão, o juiz Diego Paes Moreira acolheu os argumentos do Ministério Público Federal e apontou "indícios de que a sociedade P3T Empreendimentos tenha sido constituída pelo réu para blindar seu patrimônio". Segundo o juiz, a medida é necessária para assegurar a perda de bens oriundos de crimes e a reparação do dano decorrente dos crimes cometidos pelo acusado.

O magistrado registrou que a casa do condomínio Iporanga foi indicada por Paulo Vieira de Souza como um de seus domicílios na audiência de custódia de 6 de abril de 2018, quando preso preventivamente por ordem da 5ª Vara Federal de São Paulo pela segunda vez. Para o juiz, o fato "reforça o argumento do Ministério Público Federal de que os bens transferidos à pessoa jurídica (P3T) continuam sendo administrados e aproveitados pelo réu Paulo Vieira de Souza".

A coordenadora da Lava Jato em São Paulo, procuradora da República Anamara Osório Silva, a recuperação do dinheiro arrecadado e desviado com o crime, através do confisco do patrimônio do criminoso é fundamental para combatermos eficazmente a corrupção.

"O agente público não pode ostentar patrimônio que não condiz com sua renda lícita e enriquecer às custas do contribuinte", destaca.

A reportagem tentou contato com a defesa do ex-diretor da Dersa, mas ainda não obteve retorno.

Acompanhe tudo sobre:DersaPaulo Vieira de Souza

Mais de Brasil

Banco Central comunica vazamento de dados de 150 chaves Pix cadastradas na Shopee

Poluição do ar em Brasília cresceu 350 vezes durante incêndio

Bruno Reis tem 63,3% e Geraldo Júnior, 10,7%, em Salvador, aponta pesquisa Futura

Em meio a concessões e de olho em receita, CPTM vai oferecer serviços para empresas