Sérgio Cabral, ex-governador do Rio (Marcelo Fonseca / FolhaPress/Folha de S.Paulo)
Estadão Conteúdo
Publicado em 12 de outubro de 2018 às 16h23.
São Paulo - O ex-procurador-geral de Justiça do Rio Claudio Lopes foi afastado das funções por suspeita de ligação com o esquema montado pelo ex-governador Sérgio Cabral (MDB), preso desde novembro de 2016 e condenado a 183 anos de reclusão. O afastamento de Lopes foi decretado judicialmente nesta quinta, 11. Ele teria recebido propinas para não investigar atos supostamente ilícitos do governo do emebista. O ex-procurador-geral nega.
Na terça, 9, Claudio Lopes foi denunciado criminalmente pelo procurador-geral em exercício Ricardo Ribeiro Martins, que lhe atribui corrupção passiva, formação de quadrilha e quebra de sigilo.
As informações sobre o afastamento de Lopes foram divulgadas pela repórter Mariana Queiroz, da Globo News. A reportagem do Estadão confirmou a medida que atinge Claudio Lopes, procurador-geral entre 2009 e 2012 (governo Sérgio Cabral).
A prisão do ex-procurador-geral chegou a ser requerida - informaram com exclusividade no dia 4 os repórteres Chico Otávio e Daniel Biasetto, de O Globo -, mas a medida não foi decretada.
Além do ex-procurador-geral, o Ministério Público do Rio acusa o próprio Sérgio Cabral, seu ex-secretário de Governo Wilson Carlos e Sérgio de Castro Oliveira, o 'Serjão', suposto operador do grupo.
Todos foram denunciados por formação de quadrilha, corrupção passiva e ativa e quebra de sigilo funcional, crimes que teriam sido cometidos entre o final de 2008 e dezembro de 2012. O processo está sob sigilo.
"A organização criminosa chefiada por Sérgio Cabral foi responsável pela prática de diversos crimes na execução de obras custeadas com recursos federais captados pelo Governo do Estado do Rio", afirma a denúncia oferecida pelo procurador-geral de Justiça em exercício, Ricardo Ribeiro Martins, que assumiu o comando do Ministério Público do Estado no dia 4 - quando Eduardo Gussem se desincompatibilizou da função, em observância às regras da eleição para a procuradoria-geral de Justiça no biênio 2019/2021.
No âmbito da Corregedoria-Geral do Ministério Público do Rio está em andamento procedimento disciplinar sob sigilo.
A investigação, à qual a repórter Mariana Queiroz teve acesso, mostra que o operador financeiro do ex-governador, Carlos Miranda, que se tornou delator, fez revelações importantes sobre o envolvimento de Claudio Lopes. As afirmações de Miranda foram confirmadas por 'Serjão'.
Claudio Lopes teria sido convidado pelo ex-secretário de Governo Wilson Carlos para integrar a organização do ex-governador. Carlos seria o entregador de propinas ao ex-chefe do Ministério Público do Rio.
A reportagem está tentando contato com o ex-procurador-geral de Justiça do Rio Claudio Lopes. O espaço está aberto para manifestação.