Marielle Franco: segundo ministro, participação de políticos locais e agentes de Estado tornam apuração do crime muito mais delicada (Câmara do Rio/Divulgação)
Reuters
Publicado em 13 de agosto de 2018 às 15h19.
Rio de Janeiro - O Ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, disse nesta segunda-feira que a Polícia Federal já tem uma equipe pronta e definida para atuar na investigação do assassinato da vereadora Marielle Franco, que na terça-feira completa cinco meses, e, que a elucidação do caso é uma questão de honra para o governo do presidente Michel Temer.
O ministro frisou que essa equipe para auxiliar nas investigações seria composta por delegados e agentes do Rio de Janeiro e de fora do Estado. Mas, para que a PF entre na apuração, é preciso uma solicitação oficial ao governo federal da parte do gabinete da intervenção federal na área de segurança pública no Estado do Rio de Janeiro.
"Não estamos desqualificando a equipe que aqui está trabalhando e estamos prontos para fazer e, inclusive, já sabemos quais delegados que seriam necessários mobilizar", disse ele a jornalistas em entrevista na sede do BNDES.
Jungmann indicou um certo incômodo com a demora no esclarecimento do assassinato da vereadora e do motorista dela Anderson Gomes, embora reconheça a dificuldade e a complexidade das investigações. Segundo ele, a participação de políticos locais e agentes de Estado tornam a apuração do crime muito mais delicada.
Ele frisou que a PF brasileira é muito capacitada e detém o aparato e instrumentos necessários para ajudar no esclarecimento da morte de Marielle.
"A Polícia Federal é uma das melhores investigativas no mundo por ter recursos tecnológicos, humanos, orçamentários para sustentar qualquer investigação que se faça necessária", disse.
O ministro disse que já levou a possibilidade de federalização da investigação ao presidente Temer que aguarda uma posição da intervenção federal ou do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, que se manifestou anteriomente contrário à federalização do caso.
No caso do MP, o pedido teria que ser encaminhado à procuradora-geral da República, Rachel Dodge, segundo Jungmann.
"Eu consultei o presidente da República e ele concordou que, sem sombra de dúvida, deveriam fazê-lo até por que ele considera o esclarecimento do caso Marielle uma questão de honra de seu governo", disse o ministro.
Jungmann afirmou textualmente que o crime envolve a participação de políticos e agentes públicos do Estado, sejam como mandantes ou executores. Desde o início, as investigações já apontaram para uma série de possibilidades sobre as motivações do crime.
Segundo o ministro, no momento é impossível se estabelecer um prazo para a conclusão das investigações.
Procurado para comentar o assunto, o gabinete de intervenção federal no Estado informou que já existe uma integração entre forças locais e federais no caso.
"As investigações já estão sendo conduzidas sob orientação federal, por intermédio da intervenção decretada na área da segurança pública do Rio de Janeiro. A integração dos órgãos de segurança pública do Estado com a PF já está consolidada, particularmente na área de inteligência", disse o gabinete em nota.
No entanto, uma fonte próxima às investigações revelou à Reuters que não há essa proximidade e que o apoio da PF é "eventual" e "esporádico".